40 anos depois, maior crime industrial da história continua impune
Neste 3 de dezembro completou 40 anos o pior desastre industrial do mundo: o vazamento de gás ocorrido na noite entre 2 e 3 de dezembro de 1984 na fábrica de pesticidas Union Carbide, em Bhopal, na Índia. A planta industrial era uma unidade asiática da multinacional americana Union Carbide.
Leia mais...Há dois anos ocorria a segunda maior tragédia nacional numa casa de espetáculos. A morte de 242 jovens, a maioria estudantes universitários, chocou o país e revelou como a vida humana é pouco valorizada quando se junta ganância empresarial, irresponsabilidade, omissão e incompetência do poder público para fazer cumprir a lei.
Quando uma organização enfrenta uma crise grave, como ocorre agora com a Petrobras, todos os holofotes parecem estar permanentemente voltados para ela. Mídia, concorrentes, fornecedores, delatores, empregados, inimigos, quem quer que seja, não lhe dão sossego. A empresa não sai das manchetes e todas as atividades passam pelo escrutínio público. Parece ser uma crise sem fim.
As atenções do mundo foram monopolizadas na última semana pelo violento e covarde atentado contra a publicação Charlie Hebdo, em Paris. Mas por aqui, as crises não estancaram. Ao contrário, existem eventos graves ocorrendo no país, afetando a vida de milhões de brasileiros. Os governos, como também as empresas privadas, são incapazes ou lentos para resolvê-los. E as consequências perniciosas para a população ou os stakeholderes são imprevisíveis.
Passada a semana do terror, em que a mídia internacional foi inundada de imagens chocantes, como se estivéssemos assistindo a uma guerra, começam a pipocar artigos, análises, reportagens sobre até onde a paranoia sectária vai nos levar.
*Editorial conjunto de cinco jornais europeus
"Os assassinos de Paris dispararam contra o coração de nossas liberdades individuais e coletivas. Este crime reforça a certeza de que é necessário lutar contra a ignorância, o obscurantismo e o fanatismo religioso, neste caso praticado pelo islamismo radical, provável responsável pelo último crime. Portanto, frente aos corpos mutilados do diretor do semanário Charlie Hebdo, de seus principais desenhistas e policiais assassinados friamente, devemos renovar com mais firmeza do que nunca a decisão de continuar trabalhando pela causa da democracia.
Francisco Viana *
Foi um crime bárbaro, chocante e cruel como todos os crimes. Mas esse atentado contra a redação do Charlie Hebdo precisa ser olhado de muito, muito, perto. Primeiro, porque fere a liberdade de todos de dar boas risadas, sobre qualquer tema. Não é por ser um líder político e religioso, por mais expressivo que seja, que não pode ser alvo de uma sátira ou uma ironia.