Não importa o que aconteça ao navio, o capitão é sempre culpado
O título deste artigo, reproduzindo um adágio popular, pode ser lido como uma máxima de gestão de crises, quando se trata de liderança. Mas também cabe como uma luva no episódio do naufrágio do iate Bayesian, do magnata britânico Mike Lynch, na Sicília, na semana passada. O iate de R$ 250 milhões era um dos mais caros e modernos do mundo.
Leia mais...“A publicação de desinformações tem afetado o bom funcionamento da democracia” e a crise do jornalismo “é uma crise do modelo de negócio do jornalismo. Mas não de todo o modelo de negócio, entre eles o da internet”. A declaração é do jornalista e repórter do jornal britânico The Guardian, Nick Davies*, responsável pela equipe que investigou os grampos ilegais do News of the World, jornal da News Corporation, que foi fechado em 2011, após um dos maiores escândalos da Grã-Bretanha, envolvendo diretores e jornalistas do poderoso conglomerado de mídia de Rupert Murdoch, a Scotland Yard e figuras próximas do governo.
O Brasil esta semana lava roupa suja em público. Não bastasse a imagem do país ter atingido o volume morto, com a deterioração da economia, aumento do desemprego, desvalorização do Real, somada à crise institucional e aos escândalos de corrupção, a presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados resolveram baixar ainda mais o nível.
Se já tínhamos a pecha de “república cucaracha” no exterior, esse bate-boca via Oceano Atlântico, acompanhado pela mídia estrangeira, só contribui para piorar a imagem do país. Que Eduardo Cunha fique dando estocadas no governo, era esperado. Ele está quem nem fera acuada pelos caçadores e nenhuma reação dele, por mais descabida possível, pode ser surpresa. Ele resolveu cutucar o governo com vara curta, porque conhece a fragilidade da presidente. Dá uma estocada aqui e outra ali.
O que um líder deveria fazer num momento grave de crise? Principalmente quando precisa do apoio de todo o país para sair da crise: constituintes, imprensa, trabalhadores, políticos, Legislativo, Judiciário, religiosos, empresários, enfim, de toda a sociedade? Comparecer a um evento público e fazer um discurso rancoroso, soberbo, autossuficiente, arrogando-se o dom da pureza e da imunidade? Desafiando todos os brasileiros, como se ele fosse uma reserva moral do país? Ou falar mais com o coração, do que com a mente e o fígado?
O Brasil vive uma epidemia de greves. Os servidores do INSS ficaram parados três meses, sem que o governo desse qualquer sinal de solução, como se os 15 milhões de atendimentos, que deixaram de ser feitos, não tivessem nenhuma importância. Voltaram os servidores, mas os peritos se mantêm parados. Ou seja, o atendimento continua capenga.
Francisco Viana*
"Poder renunciar a algo que nos faz mal é prova de força vital" (Robert Musil, "O homem sem qualidades").
A temperatura política no Brasil está em desarmonia com a temperatura das ruas. Em meio ao governo, predomina a ideia de que o sol volta a nascer e que as variações do brilho da lua - leia-se as ameaças de impeachement da presidente - se diluíram em meio ao acordo de governabilidade com o PMDB e que, por este caminho, a solução para a crise econômica não vai tardar. Aliás, a política parece, nesse momento, se sobrepor à economia e parece, também, grassar a crença de que as reformas na superestrutura da sociedade podem ser adiadas indefinidamente.
Cara Volkswagen,
Todos nós amamos seus comerciais e anúncios impressos. Sua equipe de marketing cativava motoristas e seus carros funcionavam. Você construiu uma base de boa ética, que por 50 anos conseguiu entreter e satisfazer-nos como consumidores, apenas para desperdiçar com uma decisão que ainda temos dificuldade de entender.
Um famoso provérbio japonês diz: "A reputação de mil anos pode ser determinada pela conduta de uma hora." Poderia haver uma frase mais aplicável a este caso?