Catástrofes Naturais lideram a quantidade de crises desde 2023
Setembro chega ao fim com o Furacão Helene atingindo a Flórida, nos EUA, com ventos de 224 km/h e mais de 100 mortes. A tempestade deixou mais de 1 milhão de residências e empresas sem energia na Flórida e mais de 50 mil na Geórgia. Helene já é tido como o terceiro pior furacão dos últimos 50 anos nos EUA, atrás apenas do Katrina, em 2015 (que deixou 1,8 mil vítimas), e do Ian, em 2022 (com 150 vítimas). Chuvas intensas, há quase uma semana, no Rio Grande do Sul, depois da maior tragédia climática do estado, com 182 mortos e 2,4 milhões de pessoas afetadas em 478 municípios. E com o fim do inverno e início da primavera, o Brasil registrou o maior número de queimadas nas regiões Norte, Sudeste e Centro Oeste. Não é diferente em Portugal, na Grécia e em vários países da Europa Central. No Leste Europeu, vários países enfrentaram as piores enchentes em 30 anos, na segunda quinzena de setembro. O que está acontecendo com o clima no mundo?
Leia mais...O Brasil começou 2017 muito mal. Foi manchete internacional pelo absurdo de dois massacres em prisões, ambos detectados bem antes pelos órgãos de segurança dos dois estados. Não se pode dizer então que foi uma crise-surpresa. O macabro protesto ou vingança, que redundou em 99 mortos, foi a crônica da crise anunciada. No mais letal, como aconteceu em Manaus, de certo modo com a conivência da Secretaria de Administração Penitenciária, que autorizou, tanto no dia 24, quando no dia 31, véspera dos festejos, a entrada de um parente por preso, num complexo já superlotado com 1.424 detentos, quando a capacidade é para 454.
Francisco Viana*
"Crises de comunicação são icebergs: o que se vê no noticiário é a ponta, mas existe um maciço gigantesco submerso."
Mario Rosa, Entre a Glória e a Vergonha
Não seria esse o mesmo mistério a envolver as "Memórias" de um consultor de crises, de Mario Rosa? Será que o livro não chama atenção mais pelo que não diz do que pelo relato de uma carreira aparentemente vitoriosa, se o critério for nomes estrelares, e pelas consultorias, pagas ou não, a julgar pelo que diz o autor? Em todo o caso, o livro sugere três conclusões e muitas questões, todas interligadas.
O jornalista e escritor Zuenir Ventura, em entrevista à rádio CBN, resumiu bem o que foi 2016: “O ano das crises”. Nem durante o período da ditadura militar, disse ele, ou nas tentativas de golpe ou golpe contra Getúlio, Juscelino, Jango, ou na renúncia de Jânio, o Brasil viveu um ano tão instável e carregado de crises como 2016. Se no passado as crises eram graves, tínhamos pelo menos um horizonte, havia uma grande esperança de que aquilo iria ter uma solução. Hoje não, admite Zuenir.
The Guardian - Editorial
"Os atos assassinos desta semana* trazem em relevo a ameaça na Europa e seus vizinhos de dentro e de fora. Em poucas horas, três ataques derramaram sangue nas calçadas das ruas históricas da região. Três homens foram baleados e feridos em um centro islâmico em Zurique. Pela primeira vez em quase 90 anos, um embaixador russo foi morto a tiros; uma cidadão de Moscou foi assassinado na Turquia, em uma galeria de arte de Ancara, por um policial local que gritou "não se esqueça da Síria!". Em seguida, um grande caminhão no centro de Berlim atravessou uma das instituições de férias mais famosas da Alemanha, o mercado de Natal, matando 12 e ferindo dezenas de pessoas. As raízes dessa violência podem ser atribuídas a muitas coisas: extremismo religioso; ideologia fanática; pobreza; desrespeito. Nenhuma pode ser usada para desculpar atrocidades homicidas. Quando os terroristas, e não os criminosos, perpetuam a violência, os governos geralmente respondem de maneira extraordinária.
A cada ano, na época do Natal, insistimos que, apesar de 25 de dezembro ser o aniversário de Jesus, segundo consagrou a fé cristã, na medida em que o tempo passa essa evocação acaba engolida pelo mercantilismo e pelas disputas que nada têm a ver com fraternidade e união. Não bastasse o culto ao deus do consumo, o Natal de novo este ano chega agravado pelas crises, principalmente no Brasil. A festa do congraçamento, portanto, para milhões de pessoas não passa de uma miragem. A maioria dos que trabalham e lutam para sobreviver, alheios aos cargos bem remunerados e aos esquemas de corrupção, está mais preocupada em não aumentar as dívidas, em pagá-las, e em saber como vai ser o próximo ano.
*Barack Obama
O presidente dos EUA escreve para nós sobre quatro áreas cruciais de negócios inacabados em política econômica que seu sucessor terá de enfrentar.
Onde quer que eu vá, em casa ou no exterior, as pessoas me fazem a mesma pergunta: o que está acontecendo com o sistema político americano? Como um país que se beneficiou – talvez mais do que qualquer outro – da imigração, do comércio e da inovação tecnológica repentinamente desenvolve sintomas protecionistas de anti-imigração e anti-inovação?
Por que alguns na extrema esquerda e ainda mais na extrema direita abraçaram um populismo grosseiro que promete um retorno a um passado que não é possível restaurar - e que, para a maioria dos americanos, nunca existiu?