Jornal britânico “The Guardian” não irá mais postar no “X” de Elon Musk
O jornal britânico The Guardian, um dos mais independentes periódicos da mídia internacional, explica por que não está mais postando na rede “X” de Elon Musk.
“Queríamos informar aos leitores que não postaremos mais em nenhuma conta editorial oficial do The Guardian no site de mídia social "X" (antigo Twitter). Acreditamos que os benefícios de estar no “X” agora são superados pelos negativos e que os recursos poderiam ser melhor utilizados promovendo nosso jornalismo em outros lugares. Vamos parar de postar de nossas contas editoriais oficiais na plataforma, mas os usuários do "X" ainda podem compartilhar nossos artigos.”
Leia mais...O jornal britânico “The Guardian” publicou artigo na última sexta-feira, 13, Trump’s rhetoric: a triumph of inarticulacy, com uma cáustica análise da comunicação errática, provocadora e arrogante do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, além das manifestações isoladas que tem divulgado por meio das redes sociais.
O artigo do jornalista Sam Leith, numa análise bastante crítica, desconstrói o discurso de Trump, o presidente que assume com a menor taxa de aprovação em quatro décadas, entre os mandatários dos EUA: 40%. Obama assumiu com 79%; Bush, com 62%. Infere-se, a partir dessa análise, que Trump terá muita dificuldade de cativar o coração dos americanos, como Obama conseguiu, fruto, certamente, do poder de retórica, do carisma e da elegância da comunicação do primeiro presidente negro dos EUA. O termo "inarticulacy" para classificar o discurso de Trump, nem tem equivalente em português, mas seria literamente "inarticulação": incapacidade de expressar sentimentos ou ideias claramente, ou expressas numa forma que é difícil de entender.
*Chris Cillizza
O discurso de Meryl Streep na cerimônia de entrega do Globo de Ouro na noite de domingo, e a resposta de Donald Trump, já se tornaram um jogo de futebol político. Se você gosta de Trump deve ter odiado o sermão oferecido por uma liberal de Hollywood que apoiou Hillary Clinton. Se não gosta de Trump, achou que Meryl falou a verdade para os poderosos e a reação do presidente eleito mostra tudo o que está errado com relação à sua ascensão à Casa Branca.
Essa reação partidária, quase instantânea ao discurso da atriz, obscurece a frase mais importante do seu discurso: “Precisamos de uma imprensa íntegra que faça os poderosos responderem por seus atos e os repreenda a cada desmando.”
O Brasil começou 2017 muito mal. Foi manchete internacional pelo absurdo de dois massacres em prisões, ambos detectados bem antes pelos órgãos de segurança dos dois estados. Não se pode dizer então que foi uma crise-surpresa. O macabro protesto ou vingança, que redundou em 99 mortos, foi a crônica da crise anunciada. No mais letal, como aconteceu em Manaus, de certo modo com a conivência da Secretaria de Administração Penitenciária, que autorizou, tanto no dia 24, quando no dia 31, véspera dos festejos, a entrada de um parente por preso, num complexo já superlotado com 1.424 detentos, quando a capacidade é para 454.
Francisco Viana*
"Crises de comunicação são icebergs: o que se vê no noticiário é a ponta, mas existe um maciço gigantesco submerso."
Mario Rosa, Entre a Glória e a Vergonha
Não seria esse o mesmo mistério a envolver as "Memórias" de um consultor de crises, de Mario Rosa? Será que o livro não chama atenção mais pelo que não diz do que pelo relato de uma carreira aparentemente vitoriosa, se o critério for nomes estrelares, e pelas consultorias, pagas ou não, a julgar pelo que diz o autor? Em todo o caso, o livro sugere três conclusões e muitas questões, todas interligadas.
O jornalista e escritor Zuenir Ventura, em entrevista à rádio CBN, resumiu bem o que foi 2016: “O ano das crises”. Nem durante o período da ditadura militar, disse ele, ou nas tentativas de golpe ou golpe contra Getúlio, Juscelino, Jango, ou na renúncia de Jânio, o Brasil viveu um ano tão instável e carregado de crises como 2016. Se no passado as crises eram graves, tínhamos pelo menos um horizonte, havia uma grande esperança de que aquilo iria ter uma solução. Hoje não, admite Zuenir.
The Guardian - Editorial
"Os atos assassinos desta semana* trazem em relevo a ameaça na Europa e seus vizinhos de dentro e de fora. Em poucas horas, três ataques derramaram sangue nas calçadas das ruas históricas da região. Três homens foram baleados e feridos em um centro islâmico em Zurique. Pela primeira vez em quase 90 anos, um embaixador russo foi morto a tiros; uma cidadão de Moscou foi assassinado na Turquia, em uma galeria de arte de Ancara, por um policial local que gritou "não se esqueça da Síria!". Em seguida, um grande caminhão no centro de Berlim atravessou uma das instituições de férias mais famosas da Alemanha, o mercado de Natal, matando 12 e ferindo dezenas de pessoas. As raízes dessa violência podem ser atribuídas a muitas coisas: extremismo religioso; ideologia fanática; pobreza; desrespeito. Nenhuma pode ser usada para desculpar atrocidades homicidas. Quando os terroristas, e não os criminosos, perpetuam a violência, os governos geralmente respondem de maneira extraordinária.