Crise financeira bomO ambiente de negócios, político e institucional no Brasil vive uma dos piores crises dos últimos anos, provavelmente, desde os anos 1980, a chamada década perdida. Naquela época, em plena ditadura, o Brasil quase quebrou, com inflação subindo a níveis históricos e um clima político de fim de festa para o modelo político e econômico adotado pelos militares.

Atualmente, a divulgação semanal das previsões de queda do PIB transformou-se numa gincana para se descobrir quem chega mais fundo do poço. O FMI faz uma previsão de um lado, o relatório Focus, do Bacen, faz outra, refletindo o que o mercado espera; e os economistas edemais técnicos fazem uma previsão pior. A disputa por acertos de quanto vai ser a queda dos índices decimais do PIB, que começou lá em janeiro com menos 0,1%, nos olhos otimistas do governo, e já bate em menos 2,5%, segundo consultorias de bancos internacionais, é um exercício de quase futurologia. Sempre com tendência para cair mais.

Não esquecer que o ex-ministro Guido Mantega, em 27/08/14 assim vaticionou: “Nós estamos trabalhando com uma estimativa de PIB de 3% e com inflação de 5% para 2015”. Naturalmente, nem ele acreditava nesses números, mas fazia parte da maquiagem das contas, antes das eleições. Por isso, convém sempre analisar essas previsões com bastante cautela.

Diante do fracasso do nosso futebol, o esporte preferido do Brasil hoje passou a ser malhar o desempenho do governo, sob qualquer aspecto, economia, segurança, educação, saúde. Nada escapa. Não importa se dentro do táxi, no bar da esquina ou nos escritórios da Avenida Paulista. Isso é muito ruim para o país, porque funciona como um mecanismo desmobilizador e desmotivador. Afeta o ânimo da indústria, do comércio, dos profissionais liberais, desencanta as pessoas e assusta o empresário, inclusive os estrangeiros.

A cada descoberta de propina numa empresa do governo, a cada frustração nas suas demandas, os ânimos dos brasileiros ficam piores, porque o cidadão que paga imposto, trabalha o dia todo, enfrenta filas no transporte, na repartição pública, no banco, no posto de saúde, não consegue se motivar diante da avalanche de notícias negativas. As pesquisas apontam que os brasileiros acreditam que ainda pode piorar.

Os especialistas dizem que a recuperação da credibilidade numa crise pode demorar meses ou anos. Requer tempo. Credibilidade não se recupera com palavras ou factoides, mas com fatos. A comunicação em período de crise necessita de substância, não de espuma.

Onde está o problema então? Em o brasileiro não ter a percepção de que o governo faz sua parte e de que é capaz de resolver os problemas. Não se trata apenas de promessas não cumpridas. Mas de equipe, de substância política, de estatura de estadista. Da falta de projetos factíveis, de curto prazo. Daí a baixa popularidade da presidente, num momento extremamente crucial para seu governo, em que o apoio popular e político seria imprescindível. Políticos aventureiros entram no vácuo da baixa popularidade e aproveitam para fazer média com os menos informados.

O governo pede sacrifício para todo mundo; sinaliza que tempos piores virão. Nem precisaria pedir, porque diante do aumento dos preços e da queda da qualidade na prestação dos serviços públicos, o cidadão já está recebendo a malfadada contrapartida da crise. Piora na qualidade de vida e na solução mais rápida dos seus problemas. Não é com inaugurações e relançamento de planos que o governo vai reverter o humor negativo do país. Ele precisa mostrar que tem competência para sair da crise. Caso contrário, é bom a gente registrar: 2015 vai ser um ano para ser esquecido.

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