O terror atacou no fim da semana passada em três Continentes, matando turistas e preocupando governos. Cada vez mais ousado, o Exército Islâmico parece ter perdido o medo de atingir os inimigos no coração. Infiltra ou doutrina fanáticos, como aconteceu na Tunísia, e traz o caos, a morte e o desespero para inúmeras famílias. Não respeita nem as Mesquitas.
A operação é covarde e aberrante, principalmente por atingir países tradicionalmente muçulmanos, à exceção da França, agravando a crise política e econômica desses países. Na Tunísia, 7% do PIB vêm do turismo. E com um atentado ocorrido em março, os europeus reduziram a presença em 45%. O Reino Unido, que contabiliza cerca de 30 britânicos mortos no atentado da Tunísia, elevou o alerta de terror para um grau abaixo do alerta máximo.
No Brasil, as primeiras revelações da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, deixou o governo “em estado de crise”. A presidente atrasou a viagem e foi aos EUA com o radar em Brasília. Se a metade do que o delator disse for verdade, políticos, o PT e o governo precisarão arrumar bons argumentos para não serem trazidos para dentro do tsunami. Não adianta o partido do governo reagir, como se quisesse matar o mensageiro.
Ao cobrar do ministro da Justiça o controle da Polícia Federal ou atribuir à imprensa a culpa pela crise, o PT demonstra estar menos interessado em explicar os “pixulecos” dos seus tesoureiros do que pressionar instituições de Estado para não se aprofundarem nas investigações. Sob qualquer ângulo que se analise, como uma lava do vulcão, a crise da Lava Jato se aproxima do Palácio do Planalto, onde a presidente precisa ter o apoio de um Comitê de Crise competente, ousado e com credibilidade. Com dois ministros acusados pelo delator na sala ao lado, Dilma vai precisar muito mais do que meras declarações de “repúdio” para controlá-la. Precisará desconstruir a versão do delator, que, se mentiu, perderá os benefícios da delação.
Nas crises que envolvem a honra ou questões legais, o que se recomenda é uma explicação assertiva, convincente e definitiva. Se você não tem essa explicação nas primeiras horas, não adianta denunciar um complô. Retórica, por mais virulenta, nunca resolveu crises. Até agora, passado mais de um ano da Operação Lava Jato, os desmentidos dos denunciados, muitos presos em Curitiba, e mesmo das pessoas citadas, não foram suficientes para um recuo da operação ou para convencer a imprensa e a sociedade. Quanto mais os envolvidos na crise tergiversarem, ou tentarem terceirizar a crise, mais o espaço será tomado por versões, que irão sensibilizar a opinião pública e construir a história da crise. Nesse caso, a batalha da comunicação estará perdida.