O governo está empenhado em aprovar a medida provisória do ajuste fiscal. Pelo andar da carruagem, com o governo há quatro meses tropeçando numa trajetória que parece não ter norte, a aprovação soa como a panaceia para a solução dos problemas do país. Pelo menos as medidas que estão nas mãos do Congresso Nacional têm funcionado como cartão de visitas do ministro da Fazenda, Joaquim Levi. Rejeitá-las só vai piorar o cenário de crise que o país vive pelos próprios erros do governo, nos últimos anos.

Mas alguns membros do governo, o partido oficial e alguns chamados aliados políticos têm dado corda às entidades sindicais e militantes do PT que criticam as medidas, como se elas fossem tirar “direitos” dos trabalhadores. O governo, desde quando mandou o projeto para o Congresso, não construiu um discurso convincente e autêntico para defender das medidas. A própria presidente da República não assumiu com toda a clareza a necessidade e urgência de aprovação das medidas. A oposição, sentindo a fraqueza do governo, neste momento, aproveita para também tirar uma casquinha e desgastar a presidente, num tema que não comporta disputas políticas. Trata-se de encontrar uma saída para consertar, pelo menos em parte, as bobagens que a equipe econômica anterior andou fazendo, com elevado custo de imagem e econIomico para o País.

Ao fim e ao cabo, se estamos enfrentando uma crise econômica e política, com ameaças até institucionais, até porque o Congresso também está mais interessado em tirar proveito da fragilidade da presidente, não faz sentido o presidente Lula, que pede paciência para com Dilma, comparecer a eventos de 1o de maio, posando de salvador da Pátria, com cartazes e palavras de ordem às suas costas, pregando “Abaixo o Plano Levi”. Estaria ele apostando no “quanto pior, melhor” para suas pretensões de voltar como o salvador da pátria em 2018?

“Não existe crise sem sangue no chão”, dizia Jack Welch, o guru da GE. Se o governo e todos os que o apoiam, incluindo a base aliada do Congresso, querem ajudar o país a sair da crise devem assumir que não existe omelete sem quebrar os ovos. Ou seja. Ou o ajuste é aprovado ou o ministro da Fazenda terá muito pouco a apresentar quando sair por aí tentando dizer que o país está fazendo o dever de casa. Para isso, terá que incomodar os “movimentos sociais”. O pretexto de “preservar direitos e ajudar os trabalhadores”, na verdade um eufemismo para não perder apoio e votos, num momento delicado do país, acaba contribuindo para agravar a crise.

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