germanwindsO acidente com um Airbus A320 da empresa alemã Germanwinds, ontem pela manhã, na França, é uma tragédia que foge bastante aos padrões da maioria dos acidentes aéreos. E tem vários ensinamentos sobre gestão de crises. Na queda, morreram 150 pessoas, sendo seis tripulantes. Entre as vítimas, 16 estudantes da escola de Ensino Médio de Haltern, na Alemanha, que voltavam de um intercâmbio na Espanha.

O avião decolou de Barcelona às 10 horas e fez um último contato com o satélite às 10h43, 40 minutos após a decolagem, quando os aviões já atingem a altitude e a velocidade de cruzeiro. O Airbus estava a 11,9 mil metros, altitude onde são raros os acidentes fatais. A maioria das quedas ou problemas com aviões ocorre na decolagem ou na aterrisagem. O avião pertence a uma empresa do Grupo Lufthansa, da categoria low-cost, low-fare, tarifas de baixo custo. A Germanwinds nunca registrou um acidente de proporções, desde a fundação, em 2001.

O avião despencou dessa altitude, até 3.352 metros, em oito minutos, ao bater nas montanhas. Ele teria se chocado a uma velocidade de 750 km/h, o que explica a desintegração total da aeronave em pequenos pedaços. É uma região de difícil acesso, nos Alpes franceses. Foi o pior desastre ocorrido na França, desde 1981.

As autoridades francesas já localizaram uma das caixas pretas, o que permitirá investigar pelo menos em parte o que aconteceu no avião, até agora um mistério para as autoridades aeronáuticas. À primeiro vista, a empresa cumpriu as regras elementares de uma crise dessas proporções: foi rápida em dar as informações, tão logo confirmada a queda e o CEO da Germanwinds, Thomas Winkelmann, concedeu uma entrevista coletiva por volta de 1:30 p.m., na França, portanto poucas horas após o acidente, o que não é muito comum nessas circunstâncias.

Nas primeiras horas, após a confirmação do acidente, a empresa providenciou recepção aos parentes dos passageiros nos aeroportos de Barcelona (Espanha) e Dusseldorf (Alemanha). A primeira nota da empresa, publicada no site e divulgada à imprensa, a 1h30 p.m. foi aproximadamente duas horas e meia, após a confirmação do desaparecimento do avião. A maioria dos passageiros era de alemães (72) e espanhóis (45).

O grande drama da tragédia, que dificulta o gerenciamento dessa crise, é a região em que ocorreu a queda, de difícil acesso, no meio das montanhas. As autoridades calculam que levará dias para o resgate completo dos corpos, o que certamente aumentará a angústia e o sofrimento das famílias. O que resta à empresa, neste momento, é dar um tratamento digno aos familiares e administrar o pós-crise, quando ainda não há respostas, somente especulações, sobre mais esse grave acidente.

O Airbus foi adquirido pela empresa em 1991. Experts ouvidos pela AFP na França colocaram dúvidas sobre a vida útil de um avião de 24 anos, que estaria ultrapassado em termos de tecnologia. O vice-presidente da empresa, na Europa, disse: "O que podemos dizer neste momento é que foi um acidente. Qualquer outra coisa seria especulação".

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