O avião é o meio de transporte mais seguro, garantem os especialistas. Mas por que as tragédias nos aviões impressionam tanto? A ponto de esquecermos com rapidez um acidente de ônibus, que matou 51 pessoas e deixou vários feridos, há duas semanas, em Santa Catarina, e um acidente de avião não sai das manchetes durante dias e até meses?
Talvez pelo glamour da viagem de avião. O homem sempre alimentou o eterno sonho de querer se equiparar aos pássaros, voando e percorrendo distâncias por cima, em velocidades cada vez maiores. Mas em um ano, os acidentes de avião começaram a ficar estranhos, muito estranhos. Primeiro, em março de 2014, foi a vez do MH370, da Malaysia Airlines, um Boeing 777 que desapareceu no trajeto Kuala Lumpur e Pequim. Até hoje não foi encontrado e já se constitui num dos maiores mistérios da história da aviação. Não se sabe o que aconteceu com o avião e os 239 passageiros e tripulantes, porque não apareceu sequer um sinal, um pedaço, uma gota de combustível em um ano de buscas.
Depois, em julho de 2014, outro Boeing 777, voo MH17, de novo da mesma empresa Malaysia Airlines, que foi abatido por um míssil, ao que tudo indica por separatistas russos, na fronteira da Ucrânia com a Rússia. O avião ia de Amsterdã, na Holanda, para Kuala Lumpur, na Malásia, com 298 pessoas a bordo. Um avião percorre uma rota autorizada pelas autoridades aeronáuticas e é abatido em tempo de paz, não por um exército inimigo, ou um país beligerante, mas por um grupo de fanáticos que resolveram invadir outro país e dali não se afastaram, com o beneplácito do premier russo Vladimir Putin. Até hoje não há um consenso e nem os separatistas russos admitem ter abatido o avião, mas há testemunhas que garantem essa versão.
Para completar um ano de acidentes estranhos e preocupantes, agora foi a vez do voo 4U9525 da Germanwinds, uma empresa de baixo custo, pertencende à Lufthansa Airlines, da Alemanha. O Airbus A320 caiu nesta terça-feira nos Alpes franceses, à primeira vista de maneira inexplicável, porque estava em velocidade e altitude de cruzeiro (11 mil metros) e não emitiu nenhum sinal de socorro ou de pane. Ele fazia a rota Barcelona (Espanha) a Dusseldorf (Alemanha).
Hoje, o mundo todo chocado, e principalmente a Alemanha, a Espanha e mais os países que tinham passageiros no voo da Germanwinds, assistiram à entrevista do procurador francês, após as autoridades ouvirem os primeiros sons da “caixa preta” encontrada nos destroços do avião. Ele informou com quase certeza que o co-piloto teria sido o provável causador do acidente. Conseguiram escutar o desespero do piloto batendo de início com batidas leves e depois fortes tentando fazer com que co-piloto abrisse a porta da cabine, quando, provavelmente, percebeu que o avião estava se desestabilizando. O piloto havia saído, especula-se, para ir ao banheiro.
Esse tipo de acidente, com indícios de 149 assassinatos, é raro, havendo alguns poucos casos investigados por quedas provocadas deliberadamente por algum membro da tripulação. O acidente com o voo da Germanwinds entra para o rol desses estranhos acontecimentos que começaram a preocupar autoridades aeronáuticas, tripulações e passageiros ao redor do mundo neste último ano, até porque o avião se tornou o meio de transporte preferido de milhões de pessoas e o crescimento da indústria aérea não para.
Diante desses três acidentes bastante inusitados, cada um com suas peculiaridades, seria o caso de perguntar, se as máquinas para voar estão cada vez mais avançadas, modernas e seguras, não seriam os homens que as conduzem que estão precisando de manutenção?
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