Altos níveis de obesidade ameaçam vários países da Europa até o fim da década, com tendência de piora até 2030, segundo projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na Irlanda, com a maior ameaça, 91% dos homens estarão com sobrepeso em 2030 (hoje são 76%). Malta, Islândia, Espanha, Grécia, República Checa e Polônia também padecem da mesma ameaça, com índices previstos de sobrepeso que variam de 77% a 88% dos homens adultos para 2030.
Os dados foram divulgados esta semana na mídia britânica, com grande destaque, tendo em vista a ameaça que representa até mesmo para o sistema de saúde dos países da União Europeia. A reportagem traz uma tabela feita pela OMS com os índices de sobrepeso de 2010 e as previsões para 2030 em vários países europeus. E, apesar de todos os alertas sobre os malefícios do sobrepeso e da obesidade, parece que a população europeia não se sensibilizou, mesmo diante do alerta que vem dos Estados Unidos, o país com os maiores índices de obesidade do mundo. Nos EUA, a obesidade tornou-se um problema de saúde pública.
O Reino Unido é dos poucos países da Europa, junto com Holanda, Alemanha e França, a ostentar um pequeno aumento nos índices de obesidade até o fim da próxima década. Enquanto em 2010, 70% dos homens estavam com sobrepeso, a projeção para daqui a 15 anos é de 74%; Alemanha, com 62% dos homens, chegaria a 65%. França com 54%, tem previsão de que o índice chegue a 66% em 2030. A explicação dos pesquisadores sobre o alto índice de sobrepeso dos irlandeses é que a população consome mais sal e gordura do que os britânicos. Na Irlanda, a situação é alarmante; corre o risco de ter toda a população com sobrepeso daqui a 15 anos.
Depois da Irlanda, com o maior índice de sobrepeso entre os homens, países europeus que terão alto crescimento no índice de sobrepeso das mulheres são Bélgica e Bulgária (89%) e, novamente, a Irlanda (83%). Alemanha (47%) e França (58%) são os dois países europeus com menores projeções de crescimento do sobrepeso entre as mulheres para 2030.
A previsão da OMS é de que a Europa enfrente uma crise de obesidade de “enormes proporções” dentro de 15 anos, uma vez que o Continente lidera uma explosão de obesidade nos últimos anos. A Grã-Bretanha é dos poucos países a ter um programa de redução do sal e da gordura nos alimentos, medida que, segundo a OMS, deverá ser seguida por outros países. A Holanda é o único país da Europa onde está previsto declínio da obesidade em 2030, para somente 8% dos homens, um índice invejável quando comparado com a média dos demais países.
Mesmo com previsões de crescimento baixo do índice e programas de combate à obesidade, a Grã-Bretanha prevê que três quartos dos homens, dois terços das mulheres e um terço dos adultos estarão com sobrepeso no fim da próxima década.
Laura Webber, representante do Reino Unido no Fórum de Saúde, que ajudou a produzir a pesquisa, diz que “a autorregulação não parece estar resolvendo. Nós precisamos entender que vivemos num meio que encoraja o consumo em excesso e nós precisamos desencorajar isto.”
Metade dos brasileiros tem sobrepeso
No Brasil, os últimos dados do Ministério da Saúde apontam que a maioria dos brasileiros adultos está acima do peso. Ao todo, 51% da população acima de 18 anos apresenta índice de massa corporal igual ou acima de 25. Os homens são maioria: 54,5% da população adulta do sexo masculino está gorda. Entre as mulheres, esse índice é de 48,1%.
Quando se trata de obesidade, o quadro se inverte. Pelos dados do Ministério da Saúde, 17,7% das mulheres são obesas, enquanto a doença atinge 16,6% dos homens. A escolaridade é outro fator relevante. O índice de pessoas obesas com até oito anos de escolaridade é de 21,7%; entre os brasileiros com 12 ou mais os de estudo o porcentual é de 14,4%.
O mais grave é constatar que a incidência de obesidade entre os brasileiros aumentou 54% entre 2006 e 2012. De acordo com pesquisa do Ministério da Saúde divulgada em 2013, esse mal atinge 17,1% da população do país. Em 2006, o porcentual era de 11,6%. Nesses seis anos, em nenhum momento houve recuo no avanço dos índices de obesidade.
Pesquisa mais recene, divulgada em 2015, constata que o brasileiro está comendo melhor e praticando mais exercícios físicos, mas isso não significa que atingiu o peso ideal e não haja uma ameaça à saúde pública. Mais da metade está com excesso de peso, 52,% da população. A obesidade, porém, estacionou. Há três anos consecutivos – 2012, 2013 e 2014 –, a epidemia se manteve estável em patamares de 17,4%, 17,5% e 17,9%, respectivamente.
Os dados fazem parte da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014) e foram apresentados pelo ministério da Saúde, em abril de 2015. Foram ouvidos por telefone 40.853 entrevistados em todo o Brasil. O estudo permite o acompanhamento e monitoramento de fatores de riscos e avaliação de tendências em relação à prática de atividade física, obesidade e sobrepeso, alimentação saudável e níveis de colesterol. É realizada desde 2006. O mais grave nessas pesquisas é constatar que a população pobre e média baixa (classes C e D) são as que mais estão mostrando sobrepeso e obesidade.
Foto: Philip Toscano/PA. Gráfico: OMS (Pessoas com IMC-Índice de massa corpórea superior a 25)
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