“O principal risco financeiro para os EUA, hoje, é muito parecido com o que causou tantos problemas em 2007-2008: grandes bancos excessivamente endividados e muito pouco capital acionário em seus balanços. Regulamentações distintas em diferentes países no mundo, para não mencionar fiscalização adormecida, agravam essa vulnerabilidade estrutural. Já vimos esse filme e a coisa acabou mal. Da próxima vez poderá ser um show de horror ainda pior”.
Assim começa o artigo do professor do MIT Sloan e ex-economista-chefe do FMI, Simon Johnson, publicado no jornal Valor Econômico de 30 de abril.
A leitura nos induz a continuar preocupados com o sistema bancário mundial, de modo geral, e com os bancos americanos, em particular, responsáveis, em grande parte, pelo colapso da economia em 2008. “A principal razão pela qual esses furos na regulamentação permanecem abertos é que as as agências fiscalizadoras decidiram não eliminá-los”.
Para entender a crise dos bancos americanos de 2008, em toda a sua crueza e permissividade, é interessante assistir ao documentário "Inside Job" (traduzido para o português com o nome de Trabalho Interno), de 2011, que ganhou o Oscar de melhor documentário daquele ano. O link para acesso ao documentário está disponível neste site, no menu "A Crise no Vídeo".
Leia alguns destaques do artigo de Simon Johnson.
Sete anos após a crise dos bancos, autoridades financeiras ainda não sabem quase nada
“Ninguém sabe nada”. As palavras do inspirado otimismo de William Goldman se referiam a Hollywood; mas tais palavras também se aplicam à área de finanças, onde elas encerram um humor muito mais escuro".
Esse é o “lead” do artigo “Hidden dangers that banking regulators fail to chart” (Perigos ocultos que os reguladores bancários não conseguem rastrear), publicado no Financial Times, de Londres, em 20 de abril.
“Sete anos após a pior crise desde 1929, o fato alarmante é que os reguladores financeiros ainda não sabem quase nada sobre o verdadeiro nível de risco a que grandes bancos estão expostos.
"Isso é o que os acionistas do maior banco da América, JPMorgan Chase, devem ter em mente ao ler a carta que lhes foi enviada no início deste mês pelo seu presidente e executivo-chefe. Jamie Dimon se queixa de estarem paralisados por ataques e a incerteza sobre as exigências de capital dos reguladores, acrescentando que isso tornou "compreensível que as pessoas pagariam menos para os nossos lucros do que de outra forma eles poderiam".
"No entanto, uma explicação alternativa é mais plausível: a continuada combinação nas finanças modernas de opacidade total e enormes níveis de interconexão. É difícil saber até que ponto os maiores bancos do mundo dependem de solvência de um ou outro para a sua saúde financeira.
"Os dados são "parciais e desiguais", de acordo com Andrew Haldane, o economista-chefe do Banco da Inglaterra, que acrescenta: "grande parte do core business do mapa bancário internacional permanece, essencialmente, um território desconhecido". Este é o maior fracasso no suposto reforço da supervisão financeira desde 2008".
Leia o artigo completo do Financial Times
Hidden dangers that banking regulators fail do chart
Foto: Banco da Inglaterra
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