hbos boaAs crises nascem dentro das organizações. Um dos maiores colapsos bancários da Grã-Bretanha foi causado por um "fracasso colossal de administração e do conselho", de acordo com uma investigação devastadora, conduzida pela Comissão Bancária Parlamentar do Reino Unido

Em um relatório com severas críticas à gestão dos bancos, a comissão de normas bancárias do Reino Unido denunciou os "erros colossais da direção e do conselho administrativo" do HBOS, que levaram o banco à falência, obrigando o seu resgate, em setembro de 2008, pelo seu corrente Lloyds TSB, com o apoio ativo do governo britânico. Ou seja, dinheiro do contribuinte.

O HBOS foi criado a partir da fusão, em 2001, do Bank of Scotland e do Halifax e precisava de um socorro financeiro de mais de R$ 60 bilhões (20,5 bilhões de libras), no final da década, porque os gerentes sênior ignoraram advertências sobre os riscos que estavam assumindo, segundo revela o jornal britânico The Times, de Londres, na edição de 4 de abril.

A conclusão só corrobora constatação de pesquisas e estudos, sobre gestão de crises, de que a maioria das crises ocorridas no mundo, nos últimos anos, provêm de erros de gestão. No caso, os ex-diretores do banco britânico HBOS, resgatado com 20,5 bilhões de libras do Estado, em 2008, durante a crise financeira, foram severamente criticados, por seus erros "colossais", pela comissão parlamentar, que anunciou o resultado da investigação nesta quinta-feira(4).

A nova entidade resultante desta operação foi batizada de Lloyds Banking Group, e 39% pertencem ao Estado. “Seus erros foram tóxicos ao HBOS", insistiu a comissão. "A história do HBOS é uma história de erros catastróficos de governança, gestão e fiscalização", criticou Andrew Tyrie, presidente da comissão parlamentar,  criada após o escândalo da manipulação da taxa Libor no ano passado.  (veja artigo sobre o tema, neste site)

O relatório responsabiliza Sir James Crosby, Andy Hornby e o “chairman”, Lord Stevenson of Coddenham, pela “responsabilidade primária por essas falhas”.  O presidente da comissão fez um apelo ao regulador para que proíba estes três líderes de exercer qualquer função em finanças na Grã-Bretanha. Acusado pela comissão de ser "o arquiteto da estratégia que pavimentou o caminho para o desastre", Crosby, CEO do HBOS até 2006, demitiu-se nesta sexta-feira de sua posição como membro do comitê consultivo europeu do Bridgepoint.

“O futuro dos três executivos, todos ainda mantendo cargos envolvendo finanças e que podem continuar a operar no setor financeiro, se eles quiserem, está sob intenso escrutínio”, no Reino Unido, admite o The Times.

O relatório concluiu: "A comissão ficou muito decepcionada com as tentativas daqueles que levaram o HBOS para o abismo,  ao reconhecer, mesmo agora, até mesmo a natureza dos problemas que eventualmente consumiram o banco, mais pelo grau decorrente de suas próprias decisões do que por acontecimentos imprevisíveis." Ou seja, erros básicos de gestão que levaram o banco para o buraco.

A comissão rejeitou a razão alegada pelos três acusados, para o colapso do banco, de que o financiamento secou na esteira da crise de crédito. Uma boa desculpa que os banqueiros sempre acabam arrumando, quando cometem erros que acabam prejudicando os investidores e correntistas, ou levando os governos a cobrir o rombo.

O relatório mostra com detalhes extraordinários como repetidas advertências foram ignoradas, incluindo uma em 2004 da FSA, que disse que a expansão era "um acidente (previsto), apenas aguardando o momento para acontecer".

De acordo com um porta-voz do ministério das Finanças, o governo de David Cameron prometeu "tirar lições do passado e proteger os contribuintes das falências de bancos no futuro", por meio de "mudanças profundas" introduzidas pela reforma da supervisão do setor financeiro.

Onde estão os diretores agora, pergunta o The Times.

Lord Stevenson of Coddenham, 67 Director of the consultancy Cloaca Maxima and Waterstones and president of Aldeburgh Music. The report singled him out, saying he “has shown himself incapable of facing the realities of what placed the bank in jeopardy from that time until now”.

Sir James Crosby, 57 A director of Compass, the food and back-office services company, and Moneybarn, which arranges finance and hire of motor vehicles. The report said that Sir James set eye-watering targets of 20 per cent return on equity by 2004, knowing the risks.

Andy Hornby, 46 Chief executive of the bookmaker Coral and a director of Pharmacy2U. The report said that he was “unable or unwilling to change course”, attacking regulators as late as August 2008 for their “excessive conservatism”.

Peter Cummings, 57 Director of Home from Homes, a Scottish charity, and Ben View Resource Centre. He was fined £500,000 by the FSA last year. The report said that his division lost £25 billion.

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