O Congresso Mega Brasil de Comunicação 2011, encerrado sexta-feira (27), em São Paulo, consagrou as redes sociais como o grande desafio do momento para os profissionais do século XXI. O evento reuniu, durante quatro dias, mais de 850 profissionais da área, entre participantes do Congresso, dos demais eventos, além de palestrantes e moderadores.

Os participantes tiveram oportunidade de escolher entre 45 palestras e 11 conferências, sobre os mais diferentes temas de interesse do universo da comunicação empresarial. O professor José Marques de Melo foi homenageado como Personalidade da Comunicação 2011.

Embora as redes sociais fossem apenas um eixo de uma série de palestras, a maioria dos conferencistas internacionais e palestrantes brasileiros inseriu os dilemas com a nova mídia, como uma realidade presente em qualquer atividade pensada hoje sobre comunicação institucional.

“Vivemos a era do social cast (várias pessoas se conectando entre elas). Se você ainda está na era do broadcast, está fora”, afirmou um dos palestrantes. Esse desafio assusta, quando se sabe que dois terços da população mundial, ligada à internet, visita redes sociais, e o Brasil é o terceiro maior usuário do mundo nesse tipo de mídia. Só perde para Estados Unidos e Rússia.

No Brasil, o Facebook atingiu 19 milhões de usuários esta semana. 50% dos jornalistas do mundo usam o Twitter como fonte e 22% da população brasileira está no Twitter. Não há como ignorar.

Outra mantra do Congresso: as pessoas querem ser ouvidas. Consumidores, contribuintes, clientes entram nas redes para serem, mais do que “ouvidos”, “escutados”. Saber ouvir as histórias, mesmo que você não concorde com tudo, faz parte dessa interação irreversível da sociedade conectada, e ao mesmo tempo carente, do século XXI. E as redes sociais passaram a ser essa válvula de escape.

Mas, lembram os experts no tema, não há como incorporar redes sociais ao negócio, sem monitoramento. Essa é a palavra de ordem para quem deseja fazer parte da confraria. Os blogueiros e o chamado jornalista-cidadão não foram treinados sob as premissas do jornalismo. Para isso as empresas precisam acompanhar tudo que sai na rede para agir tempestiva e proativamente. Para não levar bola nas costas, no jargão do futebol. “As redes são uma manada solta, sem controle”. Até porque, o que não é medido, não é gerenciado.

Exemplo disso é a BBC. Em 2005, quando houve atentados terroristas no metrô e num ônibus, em Londres, matando 55 pessoas, a BBC tinha duas pessoas cuidando das redes sociais. Ela recebeu, na época, 15 mil e-mails em 30 minutos com imagens e informações do atentado. O que fazer com tanta informação? Hoje, a BBC tem 150 pessoas na sede, cuidando de mídias sociais. Nada vai para o ar sem checagem e controle.

As redes sociais também têm uma papel diferenciado nas crises. Elas tanto podem agravar o estrago, se a organização não monitorar, como ajudar na solução. Para isso, é preciso estar preparado e contar com a perspectiva de que, apesar de a organização ainda não ter uma política para as redes, os usuários podem atingir a empresa de uma hora para outra. Mas, recomendam os especialistas que estiveram no Congresso, não espere uma crise desencadear para entrar nas redes sociais. Esteja lá, antes. É preciso "quebrar a onda" e assumir o controle.

Sem transparência não dá

Cuidado também para não ir com muita sede ao pote. As redes sociais são superestimadas a curto prazo e subestimadas a longo prazo, afirmou um conferencista. Todo mundo quer estar lá, mas ainda não sabe bem o que fazer. O crescimento das redes sociais implica: demanda por transparência; velocidade; integração de mídia e personalização. “Se você trabalha com alguém que quer realmente seguir esses princípios, entre. Caso contrário, fique longe de blogues e redes sociais”.

“Estamos assistindo a uma nova forma de “produção de sentido”. E ainda estamos longe de entender como tudo isso se comunica”, afirma outro. Para quem está preocupado como administrar esse admirável mundo novo, “relevância” é a resposta para a explosão de dados e informações. Quando se trata de negócio, de governos, o público vai atrás do que é relevante. Descarta as bobagens.

O declínio da TV, do rádio e dos jornais pouco significa nesse contexto das novas mídias, porque esse mundo caminha para a interação, em que a chamada mídia tradicional acaba se integrando e aderindo aos parâmetros da nova mídia. Redes de TV, jornais e rádio usam o Twitter e o Facebook para integrar e cacifar suas programações.

Diante da pressão do mercado para que organizações privadas e públicas estejam nas redes sociais, os gurus que passaram pelas 56 palestras ou conferências do Congresso Mega Brasil recomendam. É preciso governança, ter diretrizes institucionais para disciplinar o uso das redes. “Não existe vida da internet e vida real, separadas. O online não está fora da vida real”. Na dúvida, convém lembrar a máxima da Michigan University: “Pense antes de postar”.

 

 

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