Esse é o tema de artigo da Dra. Gabriela Cora, médica americana e gestora de crise, com programas voltados para executivos que trabalham sob pressão e com saúde comprometida em função da crise.
“O estresse está alcançando números epidêmicos”, diz a profissional. Pesquisa da American Psychological Association mostrou que em setembro de 2008, oito de dez americanos citaram dinheiro (81%) e a economia (80%) como sua maior fonte de estresse, comparada com 75% e 66% respectivamente em abril. Mais da metade dos americanos apresentaram maior estresse no trabalho no último mês (67%), por razões familiares (62%) e estabilidade no emprego (56%) que em abril.
O artigo, publicado na Newsletter Crisis Manager, do especialista Jonathan Bernstein, pergunta “Como nós continuamos conduzindo o trabalho da mesma maneira se estamos lidando com uma crise? Estar preparado antecipadamente para uma crise é chave para o sucesso e a sobrevivência do nosso negócio. Enquanto eventos inesperados podem ser catastróficos na natureza, é a intensidade emocional que pode ofuscar nossos sentidos (e bom julgamento) durante esses tempos desafiadores”.
A autora recomenda: “Por mais difícil que seja, é essencial que nós nos mantenhamos saudáveis durante tempos difíceis. O estresse afeta os sistemas mais vulneráveis: algumas pessoas vão ser vítimas de freqüentes dores de cabeça, enquanto outras desenvolvem problemas gastrointestinais, e ainda outros terão problemas de pressão alta. Estresse pode causar ataques de pânico em algumas pessoas e afetará outros com depressão.
A especialista em crise dá a seguir algumas dicas ou estratégias gerais, que considera efetivas no seu trabalho como médica, consultora de gestão de crise e também, por experiência própria, como empresária.
1. Avalie a situação. Se você está enfrentando um evento inesperado, ou se é um evento catastrófico, a perda do seu emprego, a perda de um membro significativo da família ou um amigo, assegure sua segurança, a segurança de sua família e a segurança daqueles que trabalham com você. Não se deve vacilar em escolher as pessoas primeiro. Se você tem a responsabilidade de administrar outros, as pessoas vão sempre se lembrar se você zelar por elas durante tempos de grande estresse.
2. Concentre-se no “aqui e agora”. Mantenha os pés no chão. Procure as coisas imediatas que você pode fazer para controlar sua situação. Procure priorizar suas atividades e evitar desperdiçar tempo e esforço. Ajude outras pessoas a seu redor a se concentrarem nas suas necessidades imediatas. Procure maneiras em que vocês possam trabalhar juntos e ajudar uns aos outros.
3. Volte para sua programação e seus planos o mais rápido que puder. Comece com a rotina mais simples; certifique-se de que os pilares de sua saúde física estão bem estruturados (nutrição, sono, exercícios e relaxamento). Faça isso passo a passo, se necessário. Volte para seu plano de negócio. Esse plano deve ser de fácil acesso tanto em tempos de crise quanto de perdas pessoais, ou os dois. Pode ser extremamente difícil “lembrar-se” qual era o próximo passo.
4. Evite executar grandes mudanças durante tempos de crise. Se você precisa executar algumas mudanças, certifique-se de que vão passar pelo processo de pensamento crítico, como ver os prós e os contras ou conduzi-los aplicando o plano SWOT (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças) ao negócio. Esta não é uma boa hora para apostar todas as suas fichas em um movimento de “tudo ou nada”. Seja conservador e assuma riscos em criar oportunidades as quais você já analisou e avaliou previamente, antes de executar uma ação.
5. Aproxime-se do seu círculo de amizade. Muitos executivos confessaram que não estavam em seu melhor estado intelectual em momentos de tremendo estresse e acreditam que eles tomaram decisões pobres (infelizes) e depois se arrependeram. Evite estar com pessoas que falam sobre o fim do mundo. É muito fácil cair na roda de pensamentos negativos. Aprenda exatamente o que cada um de seus amigos tem a oferecer de maneira positiva. Enquanto alguns deles podem oferecer seu apoio emocional e ser bons ouvintes, outros podem oferecer seus conselhos e ajudá-lo a tomar decisões. Evite isolar-se e se permita colaborar com outros que também possam estar passando, da mesma forma, por um período difícil. Você iria se surpreender com a quantidade de pessoas a sua volta que estariam prontas a ajudá-lo se você pedisse.
6. Estabeleça relações significativas além do seu grupo de conforto. Durante esses períodos de estresse, algumas pessoas acabam descobrindo que sua “rede de conforto” se foi ou porque alguns perderam seus empregos ou porque colegas próximos podem ter sido demitidos também. Ter uma rede extensa de conhecidos vai ajudá-lo em sua rápida recuperação, como você vai continuar em contanto com alguns que podem ter o mesmo objetivo, assim como colaborar com outros que podem precisar de seus produtos ou serviços.
7. Avalie sua intervenção. Veja o que funcionou e o que não funcionou para você. Incremente seu planejamento e planeje à frente. Convide seus familiares a ajudá-lo nesse período estressante. Considere esta como sendo uma oportunidade para deixar para trás o que não estava funcionando bem em seu negócio e continue a incrementá-lo e simplificar o máximo possível o processo. Enquanto muitos esperam uma solução mágica para resolver períodos de crise, as estratégias mais efetivas consistem em estar constantemente pronto e organizado em uma base regular.
Dra. Gabriela Cora é médica e expert em gerenciamento de crise, em programas de ajuda a executivos. Colaboradora de 500 corporações e organizações internacionais incluindo a Coca-Cola, New York Life, a indústria farmacêutica e a Universidade de Miami. Ela faz palestras tanto nos Estados Unidos quanto no exterior. Antes de lançar o “the Executive Health & Institute”, ela foi diretora, especialista em pesquisa pelo Pfizer Pharmaceuticals, dirigente do US Public Health Service e pesquisadora clínica do National Institutes of Health. Para mais informações visite http://www.executivehealthwealth.com ou www.healthnewsdigest.com.
A pesquisa de 2008 foi feita pela Associação Americana de Psicologia entre 7 e 15 de abril com 2.529 americanos com mais de 18 anos; entre 23 de junho e 13 de agosto (1.791 adultos) e 19 e 23 de setembro (2.507 adultos).
Colaboração: João Paulo Forni