O terremoto que atingiu o Nepal neste sábado (25), o mais destruidor em 80 anos, de intensidade 7,8 graus na escala Richter, vem confirmar um fenômeno que os especialistas em clima e desastres naturais têm alertado. As catástrofes naturais crescem em intensidade a cada ano e, por isso, são mais destruidoras e onerosas, porque o potencial de destruição e mortes é muito maior.
Em 2011, a tríplice tragédia que atingiu o Japão já deixava sinais de que um terremoto, desastre para o qual aquele país havia desenvolvido uma tecnologia de construção e de prevenção bastante eficiente, já não chegava sozinho. A combinação terremoto-maremoto foi devastadora. Se não houve mais vítimas fatais (calcula-se o número de mortes entre 15 a 20 mil pessoas), foi porque o Japão era um país preparado para crises e os sistemas de alerta são muito eficientes. Mesmo assim, aquele desastre, combinado com a explosão do reator da Usina Nuclear de Fukushima, já é o mais caro do mundo. Calcula-se que o Japão gastou e irá gastar entre US$ 350 a 500 bilhões.
O terremoto do Nepal, um país de dimensões equivalentes às do estado do Ceará, se torna mais destruidor porque atinge uma região muito pobre e onde as construções não são preparadas para esse tipo de catástrofe. Até agora já foram registrados 4 mil mortes e dezenas de milhares de feridos, número que deverá aumentar à medida que as equipes tentam buscar sobreviventes e o resgate chega a regiões mais distantes e isoladas.
O país vive um caos pela dificuldade de acesso às remotas regiões atingidas e pelo atraso da infraestrutura, inclusive de comunicações e transporte. Corpos estão sendo cremados, para evitar doenças. É o tipo de crise prevista na história do país e pela posição geológica daquele território. Mas, por mais que o terremoto possa estar no radar das autoridades e habitantes, nunca se sabe quando, nem com que intensidade ele acontecerá. Especialistas em clima têm alertado: os desastres naturais estão cada vez mais destruidores e somente um trabalho muito eficiente de prevenção poderia amenizar tragédias como essa que se repetem ciclicamente, principalmente nos países mais pobres.
Em meio ao caos, chega o socorro do exterior. Diversos países nesta hora são solidários e enviam equipes de resgate, esse um dos maiores problemas num país montanhoso e sem estradas. Assistência aos feridos é outro grave problema. Um país de 28 milhões de habitantes tem somente dois médicos e 50 hospitais para cada dez mil habitantes, segundo a OMS. Se em tempos normais já é uma grave crise, em tempos de catástrofe beira o caos. "Nosso país acabou", diz um desolado motorista.