livraria seboNa Espanha, mais de cem espaços fecharam as portas desde 2009; no Reino Unido, foram 400 falências só em 2012

O jornal O Estado de S. Paulo publicou neste sábado, 1º de março, artigo do correspondente em Genebra, Jamil Chade, sobre a crise das livrarias da Europa. A internet e a situação econômica, em países que enfrentam a maior crise econômica dos últimos anos, estão fechando livrarias tradicionais. Barcelona, Londres, Lisboa, Roma e Paris, principalmente, são o palco dessa crise. Em Barcelona,  livraria de 88 anos cedeu lugar à instalação de uma loja de uma cadeia de fast food.

É o paradoxo da civilização. Dá largos passos para frente, com o avanço da tecnologia, que permite o avanço do conhecimento tanto em quantidade, quanto em acessibilidade. Mas dá um para trás, quando poda o conhecimento, permitindo que os livros cedam lugar em benefício do mercado.

“No coração de Barcelona, a Libreria Catalònia não resistiu e fechou no ano passado, depois de 88 anos de existência. Ela havia sobrevivido à Guerra Civil, a um incêndio e transformações políticas. Mas não resistiu à pior crise na Europa em 70 anos, somada à mudança radical gerada pela internet no hábito de consumo dos leitores e as grandes redes comerciais. O local de 800 metros quadrados passaria a ser um McDonald's.

"Em toda a Europa, centenas de livrarias estão fechando as portas em Barcelona, Londres, Lisboa, Roma ou Paris, num movimento que não considera nem a tradição nem o papel literário que esses lugares ocuparam para esses países.

"Em Barcelona, a Catalònia registrou uma queda de 40% de suas vendas desde 2009. "Sobre a crise geral se soma ainda a crise do livro", explicou Miquel Colomer, ex-gerente da Catalònia. Para ele, porém, não é o e-book que está matando as livrarias, mas sim a distribuição pela internet, fenômenos como a Amazon e ainda o fato de que as pessoas simplesmente deixaram de comprar guias de turismo ou outros livros técnicos, além, obviamente, da taxa recorde de desemprego no país.

"Sua livraria não foi a única a fechar as portas. A tradicional Rumor, no bairro de Chamartín, em Madri, também seguiu o mesmo caminho. No início deste ano, foi a Altair que não aguentou depois de 17 anos de atividade na capital espanhola. Em Barcelona, a livraria Anocray Delfin, aberta em 1956, também acabou fechando.

"De acordo com a Confederação Espanhola de Livreiros, mais de cem livrarias encerraram atividades pelo país desde 2009. Mais de 1,2 mil postos de trabalho foram abolidos e pelo menos outras 500 livrarias, de um total nacional de 3,5 mil, estão ameaçadas. Em cinco anos, as vendas desse setor caíram pela metade.

"Em Portugal, outro país que atravessou uma profunda crise, o número de "vítimas" supera a marca de 120 desde 2007. A ideia de que se poderia passear por toda Lisboa indo de livreiro em livreiro está cada vez mais ameaçada. Algumas das mais tradicionais, como a Sá da Costa no Chiado, não resistiram depois de quase cem anos de história. Nem mesmo um manifesto que circulou por Portugal, em 2013 restabeleceu o lugar. "A zona do Chiado foi cenário de uma devastação", declarou o comunicado dos moradores locais."

Leia o restante do artigo do jornal ”O Estado de S. Paulo”, inclusive com algumas informações sobre o Brasil.

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