Neste 27 de outubro comemoramos 120 anos do nascimento do escritor alagoano Graciliano Ramos. Um dos 15 filhos de uma família de classe média do interior, tornou-se uma das mais completas e importantes figuras da Literatura Brasileira do século XX. O primeiro conselho para alguém que precise melhorar o texto é recomendar a leitura completa da obra de Graciliano Ramos.
Texto conciso, objetivo, trabalhado. Sem perder a profunda identificação com a alma brasileira e nordestina, além do compromisso ético e de uma profunda identificação com seu povo. Graciliano figura em qualquer lista dos melhores escritores da língua portuguesa.
Em tempos de mensaleiros e de tantas denúncias de corrupção, vale reproduzir o Relatório de Graciliano Ramos, um exemplo de documento oficial objetivo e direto. Sem meias palavras, fala do que fez e do que não pôde fazer. Sem floreios e auto-referência. Como todos deveriam ser.
É a prestação de contas de um político, ao governador, ao sair da Prefeitura de Palmeira dos Índios, relativa ao ano de 1929. O Relatório de Graciliano é um primor de criatividade e da facilidade de um gênio trabalhar com as palavras. Nenhum jornalista ou profissional de comunicação deveria desconhecê-lo.
Leia aqui a íntegra do
Do Nordeste para a imortalidade
Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo (AL), em 1892. Um dos 15 filhos de uma família de classe média do sertão nordestino, passou parte da infância em Buíque (PE) e outra em Viçosa (AL). Fez estudos secundários em Maceió, mas não cursou faculdade. Em 1910, sua família se estabelece em Palmeira dos Índios (AL).
Em 1914, após breve estada no Rio de Janeiro, trabalhando como revisor, retorna à cidade natal, depois da morte de três irmãos, vitimados pela peste bubônica.
Passa a fazer jornalismo e política em Palmeira dos Índios, chegando a ser prefeito da cidade (1928-30).Em 1925, começa a escrever seu primeiro romance, Caetés - que viria a ser publicado em 1933. Muda-se para Maceió em 1930, e dirige a Imprensa e Instrução do Estado. Logo viriam "São Bernardo" (1934) e "Angústia" (1936, ano em que foi preso pelo regime Vargas, sob a acusação de subversão).Memórias do Cárcere (1953) é um contundente relato da experiência na prisão. Após ser solto, em 1937, Graciliano transfere-se para o Rio de Janeiro, onde continua a publicar não só romances, mas contos e livros infantis. Vidas Secas é de 1938.Em 1945, ingressa no Partido Comunista Brasileiro. Sua viagem para a Rússia e outros países do bloco socialista é relatada em Viagem, publicado em 1953, ano de sua morte.
Fonte: Uol Educação.
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