rebeka_brooks_muito_boaRebekah Brooks, a poderosa ex-editora do finado News of the World e do tabloide The Sun e confidente de Rupert Murdoch, comparece nesta quarta-feira (13) à Corte de Londres, acusada de conspiração para obstruir a Justiça, um dos crimes mais graves no Reino Unido. Ela foi considerada uma das mulheres mais poderosas da Grã-Bretanha pela força do grupo de mídia e a proximidade do poder.

A presença da ex-editora, de 44 anos, pelas relações de amizade e influência que tinha com políticos britânicos, inclusive o atual Primeiro-Ministro David Cameron, tem tudo para chamar a atenção da mídia de celebridades.

Durante vários anos ela pontificou como a líder de uma cadeia de jornais responsáveis por furos emblemáticos. Tinha o respaldo do magnata Rupert Murdoch, que a considerava, segundo analistas, como a uma filha. Por isso, o escândalo há um ano estimula o escrutínio público, não deixando o poderoso Grupo de Mídia e todos os seus tentáculos políticos em paz.

A polícia a acusa de montar um esquema para remover caixas com arquivos e gravações da sede da empresa, em Londres, escondendo o material dos detetives, e retirando, sem autorização, documentos, computadores e outros equipamentos eletrônicos. Além de Brooks, o marido dela, sua secretária e três outros membros do staff da News International estão intimados a comparecer à Corte de Magistrados de Westminster, de Londres, para serem formalmente acusados de obstruir a Justiça.

A ex-editora e seu marido negam todas as acusações e sentem-se injustiçados.

Hoje se sabe que muitos furos do News e do The Sun foram fruto de grampos ilegais, ligações promíscuas com a famosa polícia de Londres, a Scotland Yard, corrupção de policiais, contratação de detetives particulares, todas atividades que desencadearam um dos maiores, se não o maior, escândalo da mídia de todos os tempos.

Rebekah Brooks de início negou ter conhecimento dos malfeitos de seus jornalistas. Mas com o tempo e diante das evidências que foram se avolumando, à medida que o processo foi tomando ares de escândalo, foi difícil sustentar essa tese.

O escândalo, mantido na mídia e agravado, principalmente pelo esforço da redação do jornal The Guardian, acabou provocando o fechamento do jornal News of the World, de 168 anos, pelo poderoso magnata da News Corporation Rupert Murdoch. Ele cortou a galinha dos ovos de ouro, um jornal dominical com tiragem de quase 3 milhões de exemplares e um dos maiores faturamentos do império de jornais criado pelo magnata no Reino Unido, para tentar salvar o que restava da reputação da empresa.

Mesmo assim, desde o ano passado Murdoch tem vivido um inferno permanente, comparecendo ao Parlamento para depor e enfrentando problemas sérios com a sucessão na empresa.

A denúncia também derrubou, bem antes de Rebekah Brooks, o editor do jornal News of the World, até 2007, Andy Coulson. Ele, na ocasião, saiu da edição para ser o porta-voz de Cameron, mostrando como eram estreitas as relações do atual Primeiro-Ministro e o staff da News Corporation.

Desde que o escândalo tomou ares mais graves no ano passado, embora desde 2005 estivesse sob investigação e com ações na Justiça de pessoas que foram gravadas e conseguiram indenizações, cerca de 50 pessoas já foram presas, incluindo executivos e jornalistas famosos da poderosa cadeia News Corporation. O ex-editor foi preso na Irlanda, no início deste mês, por conta das denúncias. Embora Rupert Murdoch tenha tomado a medida radical de fechar o News, não há dúvidas de que sai arranhado desse episódio. Por conta do escândalo, ele ficou fora da disputa de um poderoso canal de TV, em Londres.

Foto: Sang Tan/AP 

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