O mundo da música infelizmente lamenta a morte de mais um ídolo. Amy Winehouse, a talentosa cantora inglesa, que arrebatou platéias durante pelo menos cinco anos e ganhou em 2008, cinco dos seis prêmios Grammy, apareceu morta hoje em seu apartamento, em Camden Square, Londres. A polícia ainda não sabe a causa da morte, informação que deve ser divulgada na próxima semana. Mas não é difícil especular.
O sucesso rápido da cantora foi proporcional às confusões em que sempre estava envolvida. De certo modo, a cantora talentosa era a personificação da crise. Tinha tudo para ser feliz. Uma voz belíssima. Adorada pelos fãs, arrebatava platéias em qualquer lugar em que se apresentava. Muito dinheiro. Mas não conseguia conviver com todo esse sucesso.
Os críticos musicais, mesmo antes de sua morte, eram unânimes em apontar Amy como a grande revelação da música pop e soul do século XXI. Além de uma voz belíssima, era compositora e letrista de talento, como afirma o crítico musical Nelson Motta. Conhecida no mundo inteiro, ela não conseguia que o seu prestígio conseguisse mascarar seus problemas e suas crises pessoais.
São celebridades do mundo do cinema, da música, dos esportes que passam como uma luz fugaz sobre a terra. Brilham durante algum tempo, mas não conseguem ter uma vida pessoal bem resolvida. Alguns trazem traumas antigos. Outros se deslumbram com a fama, o que inclui esportistas famosos, modelos e outras tantas profissões, cujo sucesso vem muito rápido, acabando por deslumbrá-los. Se não tiverem uma boa estrutura familiar e um suporte muito bom, eles derrapam.
O sucesso da cantora merecia tantas manchetes quantos os “barracos” que aprontava. Um coquetel de drogas, bebidas e noitadas a colocavam todo dia como protagonista de escândalos. Até seu tipo físico, com aquela cabeleira e inúmeras tatuagens a transformavam numa espécie rara e deslumbrante. Não adiantou família e os amigos a ajudarem colocando-a em clínicas de recuperação. Ela não ficava.
Sua saúde foi aos poucos se debilitando por falta de tratamento adequado, sempre associado ao excesso de bebida e, possivelmente, drogas. Não são raras as cenas em shows em que a cantora mal conseguia ficar de pé, como aconteceu recentemente em Lisboa. No Brasil, em algumas apresentações ela tropeçou e caiu. Ela vivia protagonizando escândalos na noite de Londres, brigando com fotógrafos e, não raro, caindo nos bares ou nas ruas. Em junho, cancelou uma turnê na Europa por ter sido vaiada em show na Sérvia, ao se apresentar bêbada. A partir daí, foi internada para recuperação. Mas seus tratamentos nunca terminavam.
A morte da jovem cantora, de 27 anos, não foi surpresa para quem acompanhava sua carreira e sua vida. Ela vivia em crises constantes. Ao descuidar da saúde, entrou para a galeria daqueles ídolos de sucesso rápido, mas que não conseguem conviver com a pressão da fama. Faltava-lhe apoio. Certamente o pai não era a pessoa mais indicada, nem o ex-marido, que esteve preso. Em quem Amy se apoiava na hora das crises?
As pessoas de seu staff certamente ajudaram a estrela não ter afundado até agora. Procuravam sempre preservar sua reputação, para que o “negócio” da cantora continuasse faturando alto. Mas em certos momentos, o que falta mesmo para pessoas-problema, como Amy Winehouse, é uma boa base familiar e verdadeiros amigos, que estivessem próximos dela para ajudar e não explorar o seu sucesso.
A morte de Amy Winehouse choca pela forma como artistas tão jovens se imolam nessa máquina trituradora do showbiz. Mas de certo modo era a crônica da crise anunciada. Nos últimos dois anos, era difícil ver uma notícia associada à Amy Winehouse que não tivesse um problema envolvido. Ou seja, mais uma vez se confirma a máxima de que aquilo que tem tudo para dar errado. Dá errado.
News Statement da Polícia metropolitana de Londres, ao anunciar a morte de Amy Winehouse, em 23/07/11, às 16 hs (Londres)
"A polícia foi chamada pelo Serviço Londrino de Ambulância em um endereço na Candem Square NW1 pouco antes das 16h05 (horário de Londres) do sábado, 23 de julho, com depoimento de uma mulher encontrada morta. Ao chegar, oficiais encontraram o corpo de uma mulher de 27 anos que foi declarada morta na cena. Investigações continuam a respeito das circunstâncias da morte. Até o seguinte momento, não há explicação".