A internet aparece em primeiro lugar na preferência dos jovens executivos, quando perguntados sobre os meios mais utilizados para obter informação, seguido pela TV e pelo jornal. A diferença na preferência por esses meios é mínima. Entre os executivos de S.Paulo e Rio, a TV e o jornal têm a preferência.
A internet vem em terceiro lugar, mas muito perto da TV e do jornal. Em Brasília, 98% dos executivos apontam a internet como o principal meio para obter informação.
Os dados são da 4ª. Pesquisa CDN de Credibilidade da Mídia, realizada em outubro do ano passado, pela CDN Comunicação Corporativa. O objetivo da pesquisa foi conhecer a percepção e o comportamento dos executivos em relação às mídias em geral. A amostra contemplou 500 profissionais de S. Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a maior parte de grandes corporações, a maioria (58%) com idades entre 20 e 39 anos, e funções de gerente, supervisor, chefe ou diretor. E constatou que o hábito de leitura está mudando.
Os jornais Folha de S.Paulo e O Globo têm a preferência de 41% dos entrevistados. O Estado de S.Paulo é o terceiro, com adesão de 28%. Da mesma forma, quando perguntados sobre confiabilidade, 23% consideram Folha de S.Paulo; 20% O Globo e 12% O Estado de S.Paulo. Entre os jovens executivos, o jornal de maior índice de leitura é O Globo (44%), seguido da Folha de S.Paulo (37%) e O Dia (25%).
A TV Globo tem a preferência para noticiários (89%) dos executivos e o Jornal Nacional bate todos os demais, com 57% de preferência. A TV Record teve uma ascensão significativa (de 30% para 45%, em relação a 2008). Em Brasília, o JN tem a preferência de 71% dos entrevistados.
Revistas
A pesquisa traz informações bastante interessantes sobre o hábito de leitura de revistas entre os executivos. A revista foi o meio que mais caiu na preferência dos pesquisados. De 94%, em 2008, entre os meios de comunicação utilizados para se manter informado, caiu para 62% em 2010.
A revista Veja (amada por uns e execrada por outros) continua imbatível. Tem a preferência dos executivos, sob qualquer ângulo analisado. 61% costumam ler a revista, contra 34% da Época e 29% da Istoé. Veja é considerada a mais confiável por 40% da amostra, seguida de Época (10%), Exame (6%), e Istoé (6%).
Um dado surpreendente da pesquisa é a preferência no hábito de leitura pela revista Carta Capital (4%), abaixo de títulos como Caras, Exame, Cláudia, Época Negócios, Nova, Playboy e Isto É Dinheiro. Entre os executivos brasilienses, 84% afirmam ler Veja, enquanto 49% preferem Época e Istoé.
A revolução da internet
Apesar da desconfiança, a internet é ainda um dos meios mais ágeis de se obter informações. Para 43% dos executivos de SP e RJ, a internet, é hoje, a primeira fonte de informação. Entre os jovens, 63% declararam ler jornais pela internet. Em Brasília esse índice salta para 98%.
Dos entrevistados, 53% costumam ler jornais ou revistas pela internet, sendo que 66% as encontram nos sites dos veículos. Entre os sites, Uol (42%), Terra (36%), IG (19%) e G1 (17%) são os preferidos. Estes também figuram como os sites mais confiáveis, no entendimento dos entrevistados. Os três principais sites (Uol, Terra e IG) têm um publico fiel de 46% da amostra: eles asseguram ler sempre os conteúdos desses portais. 84% dos entrevistados asseguraram na pesquisa acessar alguma rede social, com preferência por Orkut (53%), Facebook (18%) e Twitter (16%). O Orkut é, ao mesmo tempo, a rede social mais confiável para 40% dos entrevistados, como também a menos confiável para 27%.
Entre os entrevistados, 91% costumam acessar blogs, de preferência blogs de amigos, de notícias ou de jornalistas. Mas 97% deles não possuem blog. Entre os executivos de Brasília, apenas 13% dos entrevistados afirmam seguir algum blog. Um índice pequeno em relação à popularidade dos blogs. Esse grupo dispersa-se entre diferentes blogs de jornalistas, sendo citados Miriam Leitão, Juca Kfouri, Heródoto Barbeiro, Josias de Souza, Ricardo Boechat, Ricardo Noblat, Luís Nassif, Cláudio Humberto e Ana Maria Campo.
Publicidade e notícia espontânea
Uma pergunta interessante incluída na pesquisa foi quanto à confiabilidade dos informes publicitários. 44% dos entrevistados os consideram mais confiáveis do que uma notícia sobre a empresa no jornal e 46% pensam que os mesmos informes são mais confiáveis do que um anúncio veiculado no jornal, o que de certo modo surpreende, por se tratar de um grupo com nível escolar elevado e que sabe muito bem que informes publicitários são pagos.
Ao serem solicitados a dar uma nota de 1 a 10, quanto ao valor da notícia e da propaganda em diversos meios, os entrevistados de RJ e SP atribuíram nota 7,4 a uma notícia sobre a empresa publicada no jornal; 7,1 a uma propaganda; 6,8 a uma notícia publicada numa revista; 6,7 na propaganda publicada na revista; 6,8 a uma notícia na internet e 6,6 sobre uma propaganda na internet.
Ou seja, executivos de SP e RJ atribuem valores de credibilidade pouco diferentes para as informações contidas na notícia ou no anúncio publicitário sobre uma empresa, indiferentemente do meio em que são veiculados. A pequena diferença entre notícia espontânea e propaganda leva a crer que os executivos não têm a dimensão completa do componente de credibilidade entre um e outro produto.
Entretanto, os anúncios publicitários trariam um diferencial: mais da metade dos executivos de SP e RJ concordam, totalmente ou em parte, que os anúncios publicitários de uma empresa informam características que, em geral, os jornalistas não sabem ou não divulgam. Não deixa de ser um puxão de orelhas nas redações.
Outro dado bastante interessante é quanto ao impacto de notícias negativas e positivas para avaliar a imagem de uma organização. 69% dos entrevistados admitem que uma notícia negativa tem mais impacto, enquanto 31% optaram pela notícia positiva. Em 2008, essa diferença era de 79% para 21%. Ou seja, embora o impacto da notícia negativa represente 1.3 entre os entrevistados do RJ e SP, essa percepção caiu em relação a 2008.
Outra informação de certo modo surpreendente, e que desmistifica um pouco o poder que a imprensa se atribui, é quanto à influência do jornal, revista ou propaganda na percepção dos executivos sobre uma empresa. 54% dos entrevistados de SP e RJ asseguram que não modificaram a opinião sobre determinada empresa, após ler uma notícia no jornal; 20% afirmaram que sim, modificaram. E 26% não lembram. A resposta “não” foi dada por 65% quando se trata de revista.
Quanto à publicidade, 61% asseguram que não modificaram a opinião, após ter visto uma propaganda da empresa. Somente 20% afirmam ter mudado de opinião e 19% não se lembram. Neste caso, uma boa interrogação para os publicitários. Não estaria na hora de rever a prioridade dos orçamentos para a publicidade?
Mas a pesquisa também traz um dado quase definitivo sobre a força da mídia, principalmente a mídia impressa. Quando perguntados sobre o que poderia fazer com que o entrevistado modificasse a opinião que tem sobre uma empresa, em média 70% disseram ser uma notícia de jornal, quando confrontada com revista, internet ou rádio. Apenas a televisão, com 62% mereceu mais credibilidade do que o jornal (38%).
Quando essa mesma pergunta confronta jornal ou revista com propaganda, os números da amostra do RJ e SP são arrasadores: 92% para jornal, contra 8% da propaganda; 85% para revista contra 15% para a propaganda. Um corte para jovens e para os executivos de Brasília modifica muito pouco esse índice, variando de 71% a 85% pela confiança na notícia, contra 13 a 29% da propaganda em jornal ou revista.
Os dados da pesquisa nos permitem concluir que a internet continua sendo a força que ameaça a mídia tradicional. Não na velocidade que imaginávamos. Mas de maneira definitiva. Outra surpresa foi a pouca visibilidade de blogs e site ligados a jornalistas. Ou seja, fala-se muito nos blogs, mas eles, na prática, têm pouca influência. Com de resto na maior parte do mundo, quem ainda dita as regras da informação são os sites das grandes corporações. Blogs, sites independentes, não pertencentes aos grandes grupos, acabam apenas sendo reverberadores das notícias.
Foto: Justin Sullivan/Getty Images