No momento em que o governo brasileiro anuncia a intenção de colocar banda larga em todas as escolas públicas do país, se depender da conexão e da velocidade da internet no Brasil, jornalistas e empresários irão sofrer muito na Copa do Mundo.
Basta ver o que acontece em S. Paulo. Na mais adiantada cidade da América Latina e uma das maiores do mundo, a conexão da internet oferecida pelos hotéis – com raras exceções - anda devagar, quase parando. Os executivos penam, reclamam, mas não adianta.
Parece que existe na capital paulista uma máfia de empresas que tomaram conta dos hotéis para vender minutos de conexão para os desavisados hóspedes, que não têm outra alternativa. O problema não se limita apenas à venda. Mas à qualidade do produto oferecido. Na maioria das grandes cidades do mundo, os hotéis de qualidade oferecem conexão gratuita. Em qualquer local o hóspede pode se conectar, por wireless, inclusive nas áreas de lazer, como piscina.
Apenas para dar um exemplo do cenário para a Copa: uma grande rede de hotéis, com nove unidades em São Paulo, é servida por uma empresa de internet chamada Vexcorp. Cobra R$ 7,50 por duas horas de conexão ou R$ 15,00 por 24 horas. Em alguns hotéis, o preço por 24 horas chega a R$ 20 ou 24. Ou seja, valor de uma mensalidade de internet de baixa velocidade. O hóspede compra a conexão, pensando receber um produto de qualidade, com uma banda larga de boa velocidade e sem interrupções. Ilusão.
A conexão em geral é lenta e, durante duas horas cai várias vezes, exigindo nova conexão. Imagine você, depois de redigir um e-mail de 15 linhas, cair tudo e ter que refazer o trabalho. Isso é o que espera os jornalistas para a Copa do Mundo, se nada for feito. Quem fiscaliza essas empresas? Como reparar o prejuízo dos hóspedes com conexões instáveis e caras?
Não dá para entender por que os hotéis de S. Paulo se submetem a oferecer aos hóspedes conexões terceirizadas de baixa qualidade. Em algumas redes, o hóspede só pode conectar gratuitamente no saguão da recepção. Ou seja, se ele quiser fugir do pagamento às empresas que monopolizam o acesso, terá que ficar até de madrugada no saguão do hotel. Isso quando o tempo não é limitado a 20 minutos, como acontece na cadeia mencionada acima.
Não adianta oferecer bons serviços no restaurante, lavanderia, fitness e outras cenourinhas no quarto. Hoje, principalmente em hotéis das grandes capitais, não há quem não precise, por questões profissionais e até lazer, manter-se conectado na internet. Por que, então, não oferecer esse serviço gratuitamente? Afinal, qualquer residência de classe média no país tem hoje wireless de até 10 MB.
Sabemos que a internet brasileira é das mais caras do mundo. Mas se o cidadão comum aos poucos incorpora as redes wireless nas residências, por que os hotéis não podem oferecer esse serviço gratuitamente, incorporado no preço da hospedagem? Quem vai quebrar esse monopólio das empresas de conexão? Está na hora de o ministério do Turismo e a autoridade olímpica acordarem para mais esse imbróglio nas comunicações brasileiras. O apagão pode não ser só no fornecimento de energia e nos aeroportos. Pode também chegar à rede mundial.