Foram 18 dias de protestos, mas o povo do Egito pode comemorar. Pressionado pela reação popular, sem apoio dos antigos aliados no exterior e enfraquecido no próprio exército, o ditador do Egito Hosni Mubarak entregou o poder ao alto comando das Forças Armadas.
Agora é esperar como a oposição vai se articular com os detentores do poder, para ver se realmente as ditaduras árabes serão sucedidas por democracias. É um dia histórico, não apenas para o Egito, mas para todo o mundo. A obstinação do povo egípcio, junto com uma corrente que se formou, em função da internet, foi decisiva para convencer o ditador de que seus dias estavam contados.
O ditador Hosni Mubarak, de 82 anos, renunciou ao poder depois de comandar uma ditadura com mão de ferro durante 30 anos. O anúncio foi feito pelo vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, na TV estatal. Em poucos minutos, centenas de milhares estavam em festa e aos gritos na praça Tahrir, epicentro das manifestações de oposição.
O "Presidente Hosni Mubarak decidiu renunciar como presidente do Egito", disse Suleiman, em um breve anúncio, acrescentando que o poder foi entregue às Forças Armadas. Segundo Suleiman, a decisão foi tomada diante das "difíceis circunstâncias pelas quais o país passa".
Após o anúncio, a multidão, que já tomava conta das principais ruas do Cairo e das maiores cidades do Egito, explodiu de alegria. Centenas de milhares de egípcios agitaram bandeiras, choraram e se abraçaram em celebração. "O povo derrubou o regime", cantavam em coro.
A exemplo do que ocorreu há pouco mais de 20 anos, em Berlim, em 9 de novembro de 1989, a data de hoje ficará na história, independemente do que possa agora acontecer com o futuro do Egito. Mais uma vez a pressão popular enxotou um regime que se perpetuava no poder, em constantes sucessões, sem que várias gerações de egípcios pudessem saber o que é viver numa democracia.
Foto: Suhaib Salem/Reuters
Veja cenas das comemorações da renúncia nas ruas.
NYT: galeria de fotos dos 18 dias de protestos no Egito.