Relatório final da Comissão do governo americano, divulgado nesta quarta-feira (5), para apurar as responsabilidades pelo vazamento de petróleo no Golfo do México, culpou as empresas British Petroleum, a proprietária da plataforma Transocean e a contratada Halliburton por “conduta imprópria e omissão”. O relatório diz que os erros provocaram “falhas sistêmicas” e podem acontecer novamente.
O vazamento ocorrido em 20 de abril é considerado o maior acidente ecológico dos Estados Unidos e despejou cerca de 750 milhões de litros de petróleo no Golfo do México, atingindo as zona costeira de cinco estados, principalmente Louisiana e Flórida. Além de ter causado a morte de 11 trabalhadores e afetado a economia local, o impacto ambiental do vazamento é incalculável.
A comissão também concluiu que a ruptura no poço Macondo da BP não era inevitável, tendo decorrido de uma falha de gestão em que os funcionários das três empresas ignoraram os sinais de alerta crítico e não tomaram as devidas precauções que poderiam ter atrasado a conclusão do poço, mas, com isso, poderiam ter evitado o desastre ambiental. Ou seja, falhas graves de gestão.
"Intencionalmente ou não, muitas das decisões que a BP, Halliburton e Transocean tomaram, aumentando o risco de vazamento em Macondo, certamente economizaram um tempo (e dinheiro) significativo para as empresas", assegura o relatório.
Sob o ponto de vista da administração de crises, o desastre com a BP vem comprovar uma das causas recorrentes de crises empresariais: os erros ou falhas de administração. Pesquisa anual do Institute for Crisis Management, dos Estados Unidos, conclui que pelo menos 65% das crises dão sinais de que irão acontecer. Bastaria ficar atento para evitá-las. O consultor de crises dos EUA, Jonathan Bernstein, editor da Newsletter Crisis Management, vai além: “nos meus mais de 20 anos de experiência em gestão de crises, posso assegurar que 95% das crises ocorrem porque alertas não são levados em conta”.
No relatório final da comissão que apurou o vazamento no Golfo, que deve ser publicado na próxima semana, a comissão diz "A ruptura não foi produto de uma série de decisões estúpidas tomadas por uma indústria desonesta ou funcionários do governo que não poderia ter sido antecipada ou prevista para ocorrer novamente. Ao contrário, na raiz do problema as causas são sistêmicas e a falta de reformas significativas em ambas as práticas, tanto da indústria quanto das políticas governamentais, mostra que o acidente bem poderia voltar a ocorrer ."
O governo americano imputou responsabilidades à BP em valores que ultrapassam US$ 20 bilhões. A empresa já teria gasto mais de US$ 4 bilhões em indenizações e multas pelo vazamento.
Foto: Giles Whittell Washington
Para entender o vazamento do Golfo do México
Relatório da BP sobre o vazamento - Deepwater Horizon Containment and Response:
Harnessing Capabilities and Lessons Learned
Desastre ambiental arranha reputação e finanças da BP
Gestão de crise da BP falha e mancha reputação
Crises de imagem: BP gasta US$ 1 bilhão com vazamento e Mc Donald's faz recall
Washington Post: BP, Transocean, Halliburton blamed by presidential Gulf oil spill commission
The Times: Gulf disaster blamed on oil bosses’ failure