E_bookQual o presente de Natal  mais badalado neste fim de ano nos Estados Unidos? E o sonho de consumo de nove entre dez turistas que visitam o território americano? A maioria talvez apontasse o iPad da Apple, realmente um dos gadgets mais   desejados pelos fãs das novas tecnologias.  Mas não é. Pelo preço e a popularidade, numa sociedade que consome bilhões de livros por ano, pesquisa apontou o e-book – o livro eletrônico, verdadeira biblioteca ambulante -  como a vedete deste Natal. 

Os editores e livreiros apontam este como o Natal do e-book. Calcula-se até agora em nove milhões o número de e-books circulando nos EUA, segundo pesquisa da empresa Forrester Research.  A pesquisa também apontou que um em cinco proprietários do Kindle – o e-book da Amazon – o recebeu de presente. E 10% dos adultos pesquisados indicaram que pretendem presentear alguém com um e-book neste fim de ano.  Em 2009, a mesma pesquisa apontava 4% com essa disposição. Há dois anos, os editores dizem que as vendas dos e-books constituíam 1% do total dos livros vendidos. Mas o cálculo agora está próximo de 10%.

Há um ano a oferta mais forte estava com o Kindle da Amazon, que continua liderando o mercado, até por ter saído na frente, mas agora enfrenta forte concorrência.  No páreo estão o Nook, do grupo editorial Barnes & Noble, o iPad da Apple e o Sony Reader, da Sony. Concorrência de peso, que representou uma guerra de preços nas lojas dos Estados Unidos.  Na semana passada, o Nook pequeno, com acesso wifi, tinha preço promocional de R$ 280,00. O colorido custava R$ 450,00. Enquanto o kindle de tamanho maior, equivalente ao livro, era ofertado a R$ 460,00.  Existem outros tablets, de marcas menos conhecidas que podiam ser encontrados a R$ 180,00 no Walmart.  Ou seja, aumentou a oferta, caíram os preços.

Mas por que o e-book de repente se torna o brinquedinho eletrônico preferido dos americanos e turistas?  Talvez porque a sociedade do consumo goste de novidades. É como uma onda. Como foi em anos passados o iPhone, da Apple; o DVD; a TV LCD e tantos outros. Nada indica que o livro de papel, a tradicional capa dura está com os dias contados. As gerações mais antigas, principalmente, não dispensam o bom e velho livro, com belas edições, que embelezam as estantes e encantam gerações desde quando Gutenberg inventou a prensa móvel.

Fala-se muito no fim do livro, mas os livreiros americanos continuam acreditando na venda dos livros tradicionais. "Muita gente corre atrás desses gadgets (e-books), mas o mercado de e-books ainda é limitado e encontra resistência entre os leitores tradicionais", disse um proprietário de livraria de Nova York.  Eles apostam que,  se a onda do Natal é um e-book de presente, logo após as festas de fim de ano, esses privilegiados irão correr atrás de milhões de títulos para alimentar os e-books. O que significa faturamento para a combalida economia americana.

E no Brasil? As vendas de e-books são ainda muito limitadas mais por culpa da oferta de livros eletrônicos, colocados à disposição dos leitores, do que pela demanda dos leitores.  Não há grande número de títulos disponíveis para o e-book em português.  Pelo preço, até R$800,00, o produto não teve oportunidade de se popularizar. Os impostos de importação são muito caros.  Os contratos com autores terão que ser refeitos, porque não estava prevista a edição digital. A conversão também apanha no Brasil, ao contrário do que acontece nos EUA.

Além disso, há um outro empecilho para que as vendas de e-book disparem no Brasil. A banda larga brasileira é lenta, muito cara  e trava com muita facilidade.  O Brasil faz parte daquele pequeno grupo de países em que a internet ainda é artigo de luxo. Se limitarmos o número de leitores de e-book a um pequeno grupo, realmente ainda estamos longe dos países mais desenvolvidos.

Há também uma relação natural entre o número de leitores de um país e o possível sucesso ou fracasso do e-book. Os Estados Unidos é o principal mercado editorial do mundo. O volume de compras pela internet é cada vez maior e os fabricantes do e-book lançaram o produto confiando no potencial desse mercado. Tudo isso não encontra paralelo aqui. No Brasil, quem gosta de literatura ainda continuará a procurar e dar de presente o tradicional livro de capa dura. Bem mais caro, cuja produção, além de afetar o meio ambiente, representa custos elevados de estocagem, distribuição. Até quando? Ninguém se anima a apostar. Há, entretanto, aqueles fãs mais fanáticos que garantem que o livro tradicional jamais acabará.  Você concorda com esta aposta?

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