aeroportos_segurancaPara o presidente da British Airways, Martin Broughton, as inspeções de segurança nos aeroportos da Inglaterra são completamente redundantes. Os passageiros são obrigados desnecessariamente a tirar os sapatos e laptops da bagagem, numa verificação sem sentido, disse.

Ele assegurou que o Reino Unido deve parar de ser servil às exigências americanas de segurança. A afirmação, publicada hoje (27/10) no jornal londrino Daily Telegraph, foi feita na conferência anual da Associação de Operadores de aeroporto do Reino Unido, em Londres. Ele assegura que muitos dos controles atuais devem ser desfeitos. 

O executivo acrescentou que não há necessidade de se “ajoelhar para os americanos cada vez que eles queiram que algo seja feito” para reforçar a segurança nos voos com destino aos Estados Unidos.  E foi além: “A América não faz, internamente, um monte de coisas que eles exigem que nós façamos. Não devemos tolerar isso. Deveríamos dizer “vamos só fazer coisas que nós consideramos ser essencial e que os americanos também considerem essencial”.

Ele ressaltou que muitos dos procedimentos de checagem, como fazer os passageiros tirarem os calçados, não são necessários nos voos internos dos EUA. Isso foi introduzido depois do “sapato-bomba”, quando Richard Reid escondeu explosivos em seus sapatos em voo intercontinental, em 2001.  A síndrome da segurança nos EUA começou com o atentado ao World Trade Center, em 2001.

Com o aumento das ameaças, os Estados Unidos apertaram a segurança. Recipientes com líquidos com mais de 100 ml foram proibidos de serem conduzidos pelos passageiros, após uma ameaça em 2006, de explodir um avião, com o uso de explosivos líquidos. A revista pessoal e o controle nos aeroportos também ficou pior, após um passageiro nigeriano tentar detonar um artefato escondido na cueca em um voo para Detroit, em dezembro passado.

Ele acrescentou que “nós todos sabemos que há um grande número de elementos de programas de segurança que são totalmente redundantes e deveriam ser banidos”.  Existem até mesmo atitudes diferentes, dependendo do país, em relação à portabilidade de equipamentos e novas tecnologias envolvendo  laptops, e-books, smarthfones, que ele considera inúteis.

“O iPad por exemplo: não se chegou a um consenso se é um laptop ou não. Assim, alguns aeroportos pedem que ele deve ser removido da bagagem, outros pensam que você não deve", finalizou o diretor da BA.

<strong>Brasil se adapta às exigências americanas</strong>

À exceção de tirar os sapatos, que na saída do Brasil não é exigido, os aeroportos brasileiros se adaptam às exigências dos EUA nos voos internacionais. O Brasil começou a utilizar detectores de metais e scanners de bagagens nos aeroportos internacionais, por exigência dos Estados Unidos.
 
Para evitar stress e transtornos na hora do embarque, o passageiro deve evitar carregar líquidos em volume superior a 100 ml, na bagagem de mão, objetos pontiagudos, de qualquer espécie, ou outros tipos de conteúdo que possam ser considerados suspeitos. É bastante desagradável chegar para embarcar, num ambiente normalmente congestionado e, às vezes, pressionado pelo horário, e ser barrado por causa de objetos que poderiam ser transportados nas bagagens despachadas.

Recentemente, uma exigência que não faz muito sentido, determinada pela Anac – Agência Nacional da Aviação, é a da apresentação do documento de identidade na entrada do avião. Habitualmente aquela entrada é tumultuada e o atendente não tem tempo de conferir, mal olhando a carteira de identidade de quem está entrando.  É mais um elemento que contribui para burocratizar as rotinas já complicadas de uma viagem aérea. A Anac e as empresas aéreas alegam a necessidade de evitar que, após o check-in, o passageiro entregue o ticket para outra pessoa. Qual o efeito que isso tem para a segurança?

Entende-se que exigências de segurança devem ser proporcionais à ameaça. Salvo os casos de sequestro político, na época da ditadura, não existe, na história da aviação brasileira, qualquer caso de alguém que, com ou sem identidade, ingressou em avião de carreira para cometer algum crime dentro da aeronave. O caso mais recente ocorreu há dez anos. Foi o sequestro de um Boieng da Vasp, em 2000, por uma quadrilha de assaltantes, que desviou o avião para uma pista particular, na fazenda do Grupo Atalla, no interior do Paraná, próximo a Londrina.

O que eles queriam? O malote do Banco do Brasil, com R$ 5 milhões, que era transportado no compartimento de bagagem. Renderam a tripulação, sem violência e aterrisaram o avião, sem incomodar os passageiros. Desembarcaram e pegaram o malote, fugindo em carros que aguardavam a quadrilha. A apresentação da identidade no embarque não teria evitado esse assalto, porque a arma utilizada no assalto já estava dentro do avião. Como disse um ex-presidente da Infraero, se você quiser estar num lugar seguro no Brasil, quanto à possibilidade de ser assaltado, esse lugar é dentro de um avião.(27/10/10) 

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