Obama_-_tima_fotoBarack Obama e Gordon Brown controlam hoje duas potências mundiais, mas nos últimos dias enfrentam crises internas que corroem o prestígio e o apoio que detinham há poucos meses. Obama logo após a posse chegou a ter 70% de aprovação. Gordon Brown, no início da crise econômica, foi apontado como uma das cabeças mais lúcidas na reação das potências capitalistas à crise.

Passada a lua de mel com a imprensa, os percalços de Obama começaram. Mas nada se compara ao lançamento do projeto de reforma do sistema de saúde americano. Houve uma reação dos conservadores, apoiados por vários líderes republicanos e pelo lobby das grandes empresas de saúde, que viram na reação à proposta de Obama uma forma de enfraquecer o presidente. Esta quarta-feira (9) será decisiva para as pretensões de Obama.

O sistema de saúde dos EUA tem várias falhas, entre elas o fato de que 40 milhões de americanos não participam de qualquer plano, público ou privado. Por isso, a aprovação dessa reforma é crucial neste início de mandato de Obama. Ele defende um seguro público de saúde, em paralelo com o seguro privado, este um dos pontos criticados de sua proposta.

Obama usa sua retórica para mobilizar o povo americano, sobretudo aqueles que o apóiam, a pressionar o Congresso pela aprovação das mudanças na saúde. Um dia antes da apreciação do Congresso, dirigiu-se aos estudantes, pedindo apoio e enaltecendo os estudos como a forma de vencer na vida. Também foi criticado. Ele ia pedir que os estudantes pressionassem o Congresso, com mensagens, mas diante da reação dos conservadores e da direita, que o acusavam de estar utilizando  métodos nazistas de propaganda, a Casa Branca recuou.

Obama_and_BrownOs republicanos, liderados por Sarah Palin, o acusaram de criar um “painel da morte”, uma vez que o projeto de reforma elegeria os doentes que tivessem mais condições de sobrevivência para serem atendidos. Obama perdeu a batalha da comunicação nas primeiras semanas de lançamento do projeto.

Verdade que o imbróglio da saúde nos EUA não foi criado na gestão de Obama, É uma herança de governos anteriores, que evitaram enfrentar esse tema, mediado por vários lobbies e interesses. Preferiram empurrar com a barriga. Como a solução do impasse da saúde foi uma das principais plataformas de governo de Obama, ele teve que enfrentá-la, com grande desgaste até agora. Diante da reação e das pressões da oposição, a popularidade do presidente nunca esteve em níveis tão baixos, atingindo 51% nas últimas semanas, segundo o Instituto Gallup.

“Nunca estivemos tão perto de uma reforma. Por isso, os grupos com outros interesses estão fazendo o que sempre fazem, assustando as pessoas”, disse Obama nesta terça-feira (8).

Uma sondagem da CBS, da semana passada, revelava que a maioria dos americanos considera as propostas para a reforma da saúde confusas e entende que o Presidente não as explicou com clareza. Como se vê, carisma e discurso podem fazer uma revolução na eleição, mas não sustentam governo por muito tempo, principalmente quando o tema é polêmico. A mídia americana já está considerando este o grande teste de popularidade de Obama, após a eleição. E os republicanos vislumbram que o imbatível Obama tem seus pontos vulneráveis e ensaiam novos ataques com vistas as próximas eleições parlamentares americanas.

Brown e as versões sobre a Líbia

Os ingleses já estavam desconfiados. Os parentes protestaram e tentaram impedir. Mas a libertação do terrorista líbio Abdelbaset Ali al-Megrahi,  que cumpria pena de prisão perpétua pelo atentado ao avião da Pan Am em 1988, com 270 mortos, pode ter sido uma compensação para Muammar Khadafi, em troca de apoio do polêmico líder ao combate da Inglaterra ao terrorismo. Além de chantagens comerciais que envolvem contrato milionário com a BP. O certo é que a recepção calorosa que o terrorista recebeu na chegada à Líbia, como se fosse um chefe de estado, após sua libertação pelo governo britânico, pegou muito mal.

Neste fim de semana, o caldo entornou. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, recusou obrigar o líder líbio, Muammar Khadafi, a estabelecer uma compensação monetária às vítimas dos atentados da IRA, que recebia material explosivo do regime líbio. Segundo denúncia do The Sunday Times, a intenção seria evitar pôr em risco as relações do Reino Unido com os líbios, além de preservar acordos comerciais no setor de petróleo e gás. O jornal teve acesso à correspondência oficial que prova o interesse especial com que Brown se debruçou sobre uma campanha que pedia o ressarcimento a 2.500 parentes de vítimas de atentados terroristas do IRA. O jornal publica documentos que demonstram esta recusa.

É publicada uma carta escrita por Bill Rammell, ex-responsável ministerial pelo Médio Oriente, enviada a um dos feridos de um atentado em Londres, em 1996. “A Líbia é neste momento um parceiro importante para que o Reino Unido possa garantir a segurança energética futura”. Lê-se na carta. “ [A Líbia] é também um parceiro chave na luta contra o terrorismo. Entendo que seja de pouco consolo para si, mas é vital para a segurança presente e futura do Reino Unido que continue tudo assim”, acrescenta Rammell.

Segundo o jornal britânico, as cartas também demonstram que Brown esteve pessoalmente envolvido na decisão de não pressionar a Líbia.

Brown foi forçado a esclarecer sua política às pressas quando advogados e defensores das famílias das vítimas o acusaram de colocar interesses comerciais com a Líbia antes da justiça, após o surgimento de cartas insinuando que ele temia abalar a melhora nas relações com o país.

Diante das pressões, Brown já admitiu que apoiaria pedidos de indenização contra a Líbia para familiares de vítimas do IRA, que afirmam que Trípoli ajudou a armar o grupo guerrilheiro. O gabinete do primeiro-ministro negou categoricamente as insinuações de que Brown estivesse com medo de prejudicar acordos lucrativos no segmento de petróleo. Como o primeiro-ministro deixa absolutamente claro na sua carta ao Sr. McCue, considerações comerciais não foram um fator na decisão do governo, disse um porta-voz.

Depois de ter o seu nome envolvido também no escândalo do Parlamento inglês, que afastou vários parlamentares por uso irregular de verbas, o primeiro ministro se vê agora sob pressão da imprensa para explicar as complicadas relações com o controvertido líder líbio Muammar Khadafi.

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