Mas houve alguns jornais que cresceram. Daqui (37%), Expresso da Informação (14%), Lance (8%), Agora (4%), Zero Hora (3%) e A Tribuna (2%), enquanto Correio Braziliense, Estado de Minas, Correio do Povo e Valor mantiveram-se estáveis. As informações são do jornal Meio & Mensagem.
Ranking não mudou muito
Não houve alterações significativas no ranking, liderado por Folha de S. Paulo (média diária de 296 mil exemplares), Super Notícia (288 mil), Extra (262 mil) e O Globo (260 mil). Em seguida, aparecem O Estado de S.Paulo (215 mil), Meia Hora (203 mil), Zero Hora (184 mil), Correio do Povo (154 mil), Diário Gaúcho (152 mil), Lance (133 mil), Agora São Paulo (88 mil), O Dia (82 mil), Estado de Minas (76 mil), Expresso da Informação (67 mil), Daqui, (63 mil), A Tribuna (62 mil) e Diário de S.Paulo (61 mil).
A única novidade é a estreia do Dez Minutos, de Manaus, na 18ª posição, com média diária de 54 mil exemplares - não considerados na conta de queda de 6%, pois foi lançado no final do ano passado. Fecham a lista: Valor Econômico (54 mil), Correio Braziliense (53 mil) e Jornal da Tarde (49 mil).
Instituições de interesse público
A queda na circulação de jornais impressos já vinha ocorrendo há pelo menos dois anos nos Estados Unidos e alguns países da Europa. O Brasil tinha um crescimento, embora pequeno. O semestre passado registra a primeira queda nas tiragens de jornais brasileiros dos últimos dois anos, reflexo, provavelmente, da crise econômica que chegou mais tarde no Brasil.
A tiragem dos jornais alemães cai continuamente há anos, segundo informações do IVW, órgão que verifica a circulação de jornais e revistas na Alemanha. Entre 1998 e 2008, a tiragem média paga dos jornais diários (incluindo suas edições dominicais) diminuiu cerca de 6 milhões de exemplares, passando de 29,4 milhões para 23,39 milhões.
A questão evolui com tanta rapidez, que não se sabe se a crise dos jornais é fruto da retração econômica ou da velocidade com que as novas mídias avançam sobre os consumidores. Discute-se hoje, entre os especialistas em comunicação, a influência da internet sobre os hábitos de leitura da população. A primeira tendência é atribuir à rede a perda de leitores dos grandes jornais, nos últimos anos. A nova geração não compra e não lê jornais e os antigos leitores não são substituídos.
Recentemente, numa comissão do Senado americano, que discutia a crise da imprensa, o jornalista David Simon, criador do site Wire e ex-repórter do Baltimore Sun, disse à Comissão de Senadores: “O parasita está vagarosamente matando o hóspede. Vocês acham que a internet está matando os jornais? Ou, em vez disso, vocês concordam que os jornais é que estão morrendo?”
O jornalista Tim Windsor, que mantém o site Nieman Journalism Lab, especializado em estudos sobre jornalismo, entrevistou recentemente o autor de uma novela sobre o fim dos jornais, Michael Connely. O novelista e ex-editor, que narra a história de um repórter dos Los Angeles Times, expôs as principais dúvidas sobre o futuro da mídia impressa.
“Há dois anos eu constatei que os grandes jornais passavam por uma tempestade, mas que iriam sobreviver. Hoje eu não estou mais seguro disto. Acho que essa espiral está levando os jornais para uma nova era. Seria culpa da internet? Em parte sim. Os hábitos e preferências da população estão mudando. Mais relacionados com a internet do que com os jornais. E os publicitários estão seguindo esse hábito. O vilão seria a internet? Lamentavelmente eu admito que sim. É o caminho que está mudando o mundo. Milhões de pessoas têm acesso a provedores que lhes possibilitam acessar inúmeras páginas de informações e negócios, atualizadas a todo momento. Isso muda a toda a hora. Por que eu pagaria por um jornal, tendo acesso a tudo isso?”, disse Connely.
Perguntado se o Google estaria por trás dessa agonia, respondeu: “O Google não está matando os jornais. As pessoas matam os jornais. Os jornalistas hoje são multimídia. Não há jornalistas dedicados exclusivamente aos jornais, como antigamente, em busca de grandes reportagens. O foco do jornalista hoje é diversificado”. Ele, mesmo admitindo em tom crítico, que a internet poderia ser a causa da ruína dos jornais, entende que não conseguiria viver sem a internet”. Erich Schmidt, executive do Google, classifica a internet como o fosso da falsa informação.
Diante da ameaça de que os jornais não tenham fôlego para sobreviver, surgem propostas originais. Não bastaria salvar os jornais, mas mantê-los fortes. A solução seria transformá-los em instituições não lucrativas, como colégios ou universidades. Doações tornariam os jornais autônomos, preservando-os das instabilidades econômicos que atualmente constituem uma ameaça. O modelo padrão dos jornais de lucrar com circulação e publicidade estaria com os dias contados. Mesmo migrando para os sites, não foi possível reverter os prejuízos. A publicidade tem caído, diante das possibilidades da web, mais barata, mais fácil e com alternativas mais efetivas.
Esse cenário levou o magnata Rupert Murdoch a anunciar em 6 de agosto que vai cobrar pelo conteúdo on line dos sites de notícias do grupo, que incluem jornais britânicos como The Times, The Sun e o americano New York Post (hoje com acesso gratuito). O modelo de cobrança será semelhante ao do The Wall Street Journal, do mesmo grupo.
O exemplo desse impacto pode ser medido pelo desempenho financeiro de grandes jornais americanos. The Washington Post teve sua receita reduzida em 25% nos últimos 15 anos. O New York Times teve queda de 50%. Empresas de mídia estão pedindo concordata. Em muitas cidades o jornal local fechou a edição impressa e só tem a alternativa on line. Isso tudo ocorre, apesar do encolhimento do staff e corte de outras despesas dos grande jornais.
Nos últimos três anos, The New York Times, The Wall street Journal, The Washington Post, The Chicago Tribune, The Los Angeles Times e The San Francisco Chronicle reduziram o numero de correspondentes internacionais em mais de 25% e poucos possuem escritórios no exterior. O NYT quebrou um tabu centenário: começou a vender publicidade na primeira página.
É o caso de perguntar se a máxima dita por Thomas Jeffferson, em 1787: “Se me coubesse decidir se nós teríamos um governo sem jornais ou jornais sem um governo, eu não hesitaria em preferir a última alternativa.” Os americanos, por não verem saída para os grandes jornais, já admitem que a primeira alternativa é a mais plausível no momento.
Ranking dos maiores jornais do Brasil em 2008
Jornal (média exemplares diários)
Folha de S. Paulo (311.297)
Super Notícia (303.097)
Extra (297.392)
O Globo (291.407)
O Estado de S. Paulo (245.955)
Meia Hora (230.000)
Zero Hora (179.934)
Diário Gaúcho (166.886)
Correio do Povo (155.589)
Lance (113.715)
Fonte: ANJ