Internet_mundialA televisão deixou de ser o principal meio de entretenimento dos brasileiros. Assistir a filmes em casa e navegar na internet são as principais formas de lazer para mais da metade dos brasileiros. Enquanto nos EUA, na Inglaterra, Alemanha e no Japão, a TV ainda tem mais de 66% de preferência, como entretenimento, no Brasil esse índice é de 46%.

A conclusão é da pesquisa O Futuro da Mídia, realizada em outubro de 2008, pela Deloitte e pelo Harrison Group, empresa independente dos EUA, com consumidores de 14 a 75 anos. Foram ouvidas 8.824 pessoas. O público entre 26 e 42 anos é o mais familiarizado com a internet. Quanto mais jovem, mais propenso a produzir seu próprio conteúdo on line. A pesquisa mostrou que, depois da produção do próprio conteúdo, os internautas dão preferência a sites de busca e de leitura de notícias e ao download de programas de TV e uso do computador para chamadas telefônicas.

Atividades tradicionais, com ir ao cinema (30%), ler livros (25%), ouvir rádio (14%), ler revistas (16%) ou ler jornais (12%) vêm caindo na preferência do público.

A pesquisa também avaliou a influência da publicidade nos cinco países. No Brasil, para 75% das respostas, a TV é ainda o veículo mais influente para publicidade, seguida da propaganda em revistas (57%), da publicidade na internet (45%), jornais (30%) e nos celulares (19%). Nos outros países, a internet começa a suplantar a publicidade em revistas.

A pesquisa confirma outras mudanças de hábito. Navegar na internet mostra a força da web como mídia e a experiência de assistir à TV, enquanto o telespectador faz outras atividades. Isso demonstra o grau de dispersividade do telespectador, o que faz da TV um mero coadjuvante como veículo de informação e entretenimento. Enquanto assistem à TV, navegam na internet, jogam videogame, falam ao celular, no telefone fixo e até estudam.

Afronta de deputado Sérgio Moraes reflete a cultura que permeia o país

A triste declaração do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) de que está “se lixando para a opinião pública”, além de afundar ainda mais a reputação do Congresso Nacional e dos próprios parlamentares, evidencia o menosprezo que autoridades públicas têm pelos eleitores, contribuintes e pela sociedade de modo geral. Não tem muita diferença do conselho da ex-ministra do turismo, Marta Suplicy, quando recomendou “relaxe e goze” para os passageiros que se atropelavam nos aeroportos, há dois anos. Nem da imagem da ex-diretora da Anac, Denise Abreu, fumando charuto, quando o caos aéreo imperava no país e diretores da Agência refestelavam-se num casamento na Bahia, para onde foram de jatinho.

Exemplos de destemperos verbais não faltam. O que falta é cobrança, punição, vergonha na cara mesmo e mais respeito pela opinião pública. Quando um deputado, que responde a vários processos no STF, faz parte de um “conselho de ética” na Câmara, não difere muito do mote popular de colocar a raposa para cuidar do galinheiro. Ele faz parte do mesmo time do deputado Edmar Moreira, o castelão, também membro do “conselho de ética”. Quem colocou esses deputados nesse conselho? Provavelmente os próprios colegas que não estão interessados em apurar nada. Exatamente porque estão se lixando para a opinião pública.

O deputado que se lixa para a opinião pública, é o mesmo que se lixa para a saúde dos brasileiros. Com a campanha eleitoral em parte financiada por fabricantes de cigarro, é responsável por projetos de lei de interesse da indústria do fumo e pressões no governo federal a favor de duas exportadoras de tabaco, que juntas doaram 59% dos recursos arrecadados oficialmente em sua campanha de 2006. Dos quatro projetos de lei apresentados, três são de interesse da indústria do tabaco, segundo o jornal Correio Braziliense.

Recente levantamento da imprensa, relacionou os parlamentares, nas duas Casas do Congresso Nacional, que respondem a processos, de qualquer tipo. É estarrecedor saber que a folha corrida de alguns é a única credencial para chegarem ao Parlamento, até porque muitos deles nem voto tiveram. São apenas suplentes. Por isso, mesmo no executivo, militantes do PT desdenham da imprensa e da opinião pública, sob o argumento de que, apesar do festival de matérias negativas, envolvendo o presidente da República e o PT, na época do mensalão, Lula se mantém com índices altíssimos de aceitação popular. A imprensa já não faria tanta diferença na manutenção da imagem de um político ou governante. Até porque, por mais que a imprensa o ataque, nada como aumentar a distribuição do Bolsa Família ou os salários dos servidores públicos para amenizar.

O problema é que ao desdenhar da imprensa, que mal ou bem tem um papel importante na fiscalização das atividades públicas, congressistas e membros do governo acham-se no direito de tergiversar, de usar o cargo em benefício próprio, de aproveitar o mandato ou o cargo político para se locupletar, de pendurar apaniguados em cargos com altos salários, como se fossem donos do país e dos recursos públicos. O desprezo pela mídia e, por extensão, pela opinião pública, faz com que se achem à vontade para fazer do cargo o que bem entendem. E o povo brasileiro continua pagando toda essa festa.

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