desculpas_do_Daily_expressNuma ação inédita para os padrões britânicos, dois tablóides diários -  Daily Express e Daily Star - da mesma cadeia jornalística pediram desculpas aos pais da menina Madeleine, o casal Kate e Gerry McCann. A retratação deve-se a matérias divulgadas no ano passado em que apontavam os pais como suspeitos da morte da menina.

A menina de 4 anos desapareceu num resort em Portugal, em maio do ano passado, quando estava dormindo no apartamento do hotel, onde os pais passavam férias, enquanto eles jantavam nas proximidades. Até agora ela não foi encontrada e todas as pistas foram descartadas.

Os jornais fizeram um acordo com o casal para publicar um pedido de desculpas e pagar uma indenização de 550 mil libras (R$ 1,8 milhão), a ser depositado em um fundo criado para custear as despesas com a procura da menina. O Fundo recebeu o apoio de várias celebridades inglesas, como o jogador David Beckham.

Os pais entraram com um processo contra os jornais por difamação. Os tablóides admitem na desculpa que alguns textos sugeriam que os pais eram culpados pela morte de Madeleine,  versão que circulou no fim do ano passado em publicações de Portugal e sites da internet. A polícia portuguesa chegou a indiciar os pais como suspeitos.

“Reconhecemos que vários dos artigos publicados no jornal sugeriam que o casal teria provocado a morte de sua filha, desaparecida, Madeleine, e que depois teria encoberto o fato”,  afirmou o Daily Express.

“Reconhecemos que não há provas para apoiar esta teoria e que Kate e Gerry (McCann) estão totalmente inocentes de qualquer envolvimento no desaparecimento da filha deles” acrescenta o tablóide. O Star qualifica estes artigos como “absolutamente falsos”.

A ação dos jornais é extrema, no sentido de que dificilmente na Justiça eles conseguiriam tamanho destaque para o desmentido. Para os jornais, provavelmente, prosseguir na ação seria economicamente pior. A prática tem mostrado que anos depois de iniciadas ações semelhantes, os veículos de comunicação, caso percam, limitam-se a publicar a sentença e a reconhecer em outra matéria que erraram. Só que ninguém mais se lembra da matéria que deu origem àquela notícia. Quando os prejudicados optam por ações indenizatórias, os valores podem ser muito altos e não convém às publicações prosseguir na ação.

O caso de reconhecimento explícito na primeira página, mais conhecido no Brasil, ocorreu em 2002 com o Correio Braziliense. O jornal de Brasília deu no dia seguinte à publicação de uma matéria, que estava totalmente errada,  a manchete “O Correio errou”, retratando-se do conteúdo publicado com denúncias graves contra o Banco do Brasil. Pelo precedente, a transparência e a coragem de admitir o erro, o jornal ganhou o prêmio Esso de jornalismo.

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