O Pentágono proibiu o Google de fazer fotografias e vídeos de instalações militares americanas depois que imagens do interior e de pontos estratégicos de uma base no Texas apareceram no site de buscas mais popular da internet.
A nova mídia incomoda também regimes autoritários. O governo da China bloqueou o acesso a vários websites populares, como algumas páginas do Google, Yahoo e YouTube numa espécie de censura à cobertura internacional da violência que os chineses estão empregando para conter os protestos em Lhasa, a capital do Tibet. Desde sábado novas páginas do Yahoo e o acesso ao YouTube, que apresentavam cenas dos protestos, foram totalmente bloqueados.
A decisão do Departamento de Defesa dos EUA, em relação ao Google, foi tomada depois que portões, barreiras e edifícios dentro da base no Forte San Houstan, Texas, foram colocadas numa seção do Google que oferece visão panorâmica de diferentes locações. O Google reconheceu, depois, que a decisão de requerer acesso à base, concedida pelos militares, foi um erro.
A preocupação do Departamento de Defesa em proibir, agora, a divulgação é que a visão de 360 graus das instalações de defesa poderia fornecer informações estratégicas a possíveis adversários. Assim que o Google foi notificado, tirou as imagens do ar.
A decisão mostra como a invasão da privacidade já começa a incomodar pessoas e governos. A visão posta no ar pelo Google faz parte de um serviço “street view” que o site oferece de várias cidades americanas, permitindo ao visitante ter uma visão de 360 graus de ruas e logradouros dessas cidades. O detalhe é que a captação de imagens permite até reconhecer as pessoas e o que estão fazendo numa rua dessas cidades. A pergunta que as autoridades estão fazendo é até que ponto a invasão da privacidade de prédios, instalações e pessoas pelas câmaras do Google não estaria pondo em risco a segurança e o direito à privacidade.
Embora restrito a algumas áreas do território americano, o serviço oferecido pelo Google começa a incomodar outros países, como a Inglaterra e França.
O caso da China é mais grave e dificilmente justificado. Não bastasse a restrição aos sites dos buscadores Google e Yahoo, os sites de jornais, como The Guardian e The Times, de Londres, Los Angeles Times, americano, e da enciclopédia aberta Wikipedia também estão com severas restrições. Sites populares de diferentes fontes, como o Google News, têm sido sujeitos a uma espécie de “filtro”. Palavras como “Tibet” e “Dalai Lama” estão sob censura quando pesquisadas. Os editores do Times online (a página da internet do The Times) foram contactados por fontes governamentais da China para que não publiquem conteúdos relativos aos recentes protestos.
Desde sexta-feira, todos os artigos do correspondente do jornal inglês The Times, na China, Jane Macartney, foram bloqueados para os leitores do país. As restrições à circulação livre de notícias na internet são constantes na China, mas o que se nota no presente caso é um recrudescimento da censura, tanto na mídia impressa quanto eletrônica.