O caso das pílulas de farinha prejudicou muitas mulheres em S. Paulo, Minas Gerais e Goiás, quando 600 mil comprimidos foram postos à venda utilizando placebo e não o anticoncepcional correto. Na época a empresa gastou milhões de reais em explicações. A Schering ainda hoje alega que os comprimidos sem princípio ativo (placebos), usados em testes de um equipamento de embalagem, tiveram as embalagens furtadas no primeiro semestre de 1998 e depois foram comercializadas sem o conhecimento da empresa.
A empresa à época não tinha assessoria de imprensa e tentou eximir-se de culpa nos primeiros dias. Houve um desgaste muito grande, que afetou a reputação da empresa e, certamente, reduziu as vendas. O caso Schering é emblemático na gestão de crise. Uma sucessão de erros afetou a credibilidade do Laboratório, tornando-se sinônimo de como não se deve conduzir uma crise. A empresa só comentou o assunto um mês após a denúncia. E demorou a montar um serviço de assistência às pessoas atingidas pelo erro.
Após um período de desgaste, a Schering conseguiu reduzir o impacto negativo do erro e reeguer sua imagem com a contratação de empresa especializada em crise. Mesmo assim, oito anos depois o fantasma da crise das pílulas volta e continua a assombrar a imagem da Schering.
A propósito dessa história, é interessante ler a petição dos advogados Edilberto de Castro Dias e Alexandre Bizzotto, de Goiânia, que representaram uma usuária da pílula, em ação contra a Shering. Mesmo considerando ser uma peça jurídica, voltada para a acusação do laboratório, é interessante para conhecer o case em toda a sua extensão.