Uma das principais dúvidas dos programas de Media Training mereceu um artigo do site australiano Media Manouvres, especializado em treinamento e Media Training. Afinal, as fontes podem ou não usar o “off” vez por outra? Ou essa prática é muito perigosa, a ponto de colocar a carreira do executivo em risco ?
Segundo o artigo, parece haver uma enorme confusão sobre o que isso realmente significa e grande apreensão ou medo sobre as conseqüências de dizer a um jornalista alguma coisa confidencial. Eles citam o recente caso do jornal The Australian, que publicou comentários supostamente “off the record” feitos pelo senador Ross Lightfoot sobre o Iraque, o que ilustra o potencial e o risco que as informações em “off” têm para dar errado.

Briefing sobre falar “off the record”

Primeiramente, perguntam, o que isso significa? Pode significar duas coisas diferentes. Se houver uma confusão sobre qual forma de “off” está sendo usada, então inevitavelmente isso vai acabar no choro de alguém – e geralmente não é o do repórter.

O primeiro significado

“Off the record”, como se sabe, pode significar que qualquer declaração ou informação privilegiada passada ao jornalista pode ser publicada, contanto que não seja atribuída à pessoa que falou. Ou seja, a fonte não quer se identificar, dá a informação de forma privilegiada ao repórter, mas deseja que seu nome não seja mencionado.

Esta é a definição mais comum e bastante respeitada pelos repórteres.
Eles sabem ser totalmente antiético divulgar a identidade de sua fonte ou trair a confiança desta fonte usando a informação inapropriadamente.

Em geral, os jornalistas tentarão de todas as formas proteger suas fontes para manter a própria reputação e garantir acesso às informações no futuro. Ou seja, jornalista sério quer manter suas fontes.

Geralmente um informante “off the record” é identificado pelo repórter como “uma fonte”, “uma fonte privilegiada”, “fontes oficiais”, ou “um colega”.
Algumas vezes elas podem ganhar um pseudônimo para que a reportagem tenha uma boa história e a audiência possa identificar a situação da fonte. O importante é que a identidade não seja revelada.

O segundo significado

Segundo o artigo, existe outra forma de declarações em “off”. Esta é quando nem a identidade da fonte nem a informação que esta passou podem ser reveladas. Isto é importante quando alguém precisa que um repórter saiba o contexto de uma história, mas não pode revelar a identidade ou a real informação porque isso iria prejudicá-los. É também uma forma de troca de informações privilegiadas surpreendentemente comum.

Obviamente o jornalista prefere a primeira forma de “off the record”. Disfarçar uma fonte é relativamente fácil de fazer, enquanto achar alguém para passar informação privilegiada (insider information) pode ser extremamente difícil.

Portanto, a menos que alguém tenha definido exatamente o que significa “off the record”, as fontes podem presumir que o jornalista entendeu que elas estavam felizes pela informação ser usada, contanto que a suas identidades não fossem reveladas.

Qualquer que seja o significado: Aja com cuidado

O artigo recomenda: “Uma coisa importante a lembrar é que o sucesso de falar em “off” depende inteiramente da confiança. Como jornalistas são ranqueados abaixo de vendedores de concessionárias em honestidade, será uma boa idéia confiar uma carreira ou reputação a um jornalista? Desse modo ninguém deveria usar “off the record” a não ser que confie muito no jornalista”.

É importante lembrar que apesar de os jornalistas serem guiados pelo código de ética, isto não é cobrado legalmente, nem fortemente policiado. E há um fato importante: O interesse do público é considerado mais importante que o requisito de proteger o anonimato de uma fonte. Isso significa que uma publicação poderá abrir o “off” sempre que julgar a necessidade de publicar a declaração em “on”, principalmente sobre temas polêmicos.

É por isso que, no caso do Senador Lightfoot, acusado de ter enviado dinheiro para o Iraque, o repórter decidiu trair a confiança do senador e revelar a informação que tinha sobre o político. Certamente o repórter julgou a informação de grande relevância e resolveu “rifar” a fonte. O interesse público quebra a confiança de se falar em “off”.

O artigo lembra também que ocasionalmente trair a confiança em casos “off the record” pode ser considerado um importante instrumento democrático de segurança. Por exemplo, o famoso “vamos começar o ataque em cinco minutos”, confidenciado a um repórter, tem conteúdo de alto interesse nacional. É um caso de quebra de confiança da mídia em um “off the record” pelo bem maior da população.

A regra de ouro

O artigo finaliza com algumas dicas. Se você está próximo a um jornalista, com câmera ou microfone, você está “on the record”. Se você não quer ver, ouvir ou ler o que falou, não fale.

Faça isso e você pode ter certeza que independentemente do que você disse, seja uma confidência ou um comentário “on the record”, você não vai ter que lidar com mais problemas do que você é capaz de lidar.

Colaboração: João Paulo Forni.

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