Esse pode ser o exemplo do que tem acontecido nos últimos dias com ministros, secretários de governo, reitores e demais autoridades com relação aos cartões corporativos. Alguns por ingenuidade, inexperiência, outros porque desconhecem as normas do serviço público, e ainda outros porque não respeitam, nem se constrangem de usar o dinheiro público no interesse privado, todos eles estão agora na mira da mídia porque escorregaram feio no uso do cartão e estão tentando se justificar.
A imprensa tem cumprido seu papel, embora a maioria das informações, e consequentes irregularidades, não sejam novas. Vêm de muito tempo. Não dá para minimizar o papel da imprensa na revelação de fatos que merecem apuração mais rigorosa dos órgãos fiscalizadores. Não importa o fato de o governo ter disponibilizado os dados e, com isso, argumenta, ter cumprido seu papel. Não houve fiscalização e sobrou abuso.
Aqueles que querem culpar a mídia por estar fazendo estardalhaço com as informações, deveriam se lembrar de um princípio importante na administração de crise: “Se não quiser que publique, não faça”. Isto é, não adianta reclamar da imprensa quando ela explora fatos negativos. Primeiro, porque essa é a natureza do trabalho da imprensa. Segundo, porque a mídia não tem culpa dos deslizes das autoridades públicas. O problema não está na divulgação, mas se o fato merece ou não ser levado ao conhecimento público. Se tem interesse para a sociedade, envolve recursos públicos, a imprensa tem obrigação de publicar, agrade ou não aos envolvidos.
O pior são as desculpas ou justificativas que os denunciados prestam à imprensa, como a do Reitor da UnB, para explicar a compra de cinzeiros e abridores caros para a residência oficial. Descoberta a aberração, alguns acusados se apressam em devolver os valores gastos ou sacados irregularmente. Ou até mesmo o apartamento, no caso do Reitor. Pelo menos isso. Pena que só aconteceu porque a imprensa denunciou.