A tragédia ocorrida em Santa Catarina com um ônibus de turismo, que deixou 51 mortos e vários feridos graves, se tivesse acontecido com um avião, estaria ainda nas manchetes do Brasil e do mundo e teria chocado o país. Qual a diferença de quem morre num avião ou num ônibus. Nenhuma. Apenas questão de cultura ou da falta dela. As mortes no trânsito se tornaram uma triste e macabra rotina, aceita como natural, a ponto de não darem mais manchete, a não ser casos que espantam pelo número de vítimas, como ocorrido em Santa Catarina.
O mais grave: esse acidente, como tantos outros, poderia ter sido evitado. Tudo ali estava errado: o ônibus não tinha licença para viagens de turismo; estava com passageiros acima da capacidade; era um ônibus velho, por isso estragou e foi trocado por outro do mesmo naipe; o motorista corria acima da velocidade permitida. Uma sucessão de fatos, como sempre, que transformam viagens em tragédias. Faltou fiscalização, mas faltou também as pessoas que organizam excursões aprenderem algumas lições de prevenção de crises.
O trânsito brasileiro já e dos mais violentos e fatais do mundo. Em 2013, foram pagos no Brasil cerca de 50 mil DPVATs por morte e 420 mil por invalidez. Significa que a cada dia, 135 brasileiros morrem no trânsito, equivalente a um Boeing por dia. E não vemos as autoridades preocupadas com essa “epidemia”. Está na hora de abrir os olhos para esse descalabro e atacar o problema na origem, até porque as causas dos acidentes são, na maior parte das vezes, culpa dos motoristas e das empresas de transporte. Alguém precisa gerenciar essa crise.