bullying escolas inglaterraO que levaria a maioria dos adolescentes que vive num país adiantado, das economias mais fortes do mundo, tecnologicamente avançado e com uma educação modelo a se considerarem infelizes? Deveria a felicidade de um adolescente ser medida por outros parâmetros? Ou felicidade, um estado que podemos sentir, mas não medir, dependeria de fatores que ainda desconhecemos?

Pesquisa da Universidade de York, chamada de Good Childhood Report 2015 apontou que os pré-adolescentes da Inglaterra estão entre os mais infelizes do mundo, atrás de países como Etiópia, Argélia e Romênia, onde a pobreza e a economia não oferecem oportunidades tão boas para quem se prepara para ingressar na idade adulta.

Bullying, violência e relações com professores colocam os adolescentes, entre 14 e 15 anos, na Inglaterra no radar dos cuidados das autoridades ou em estado de risco. Os fatores apontados contribuiriam para fazer os jovens britânicos se sentirem miseráveis, infelizes. No grupo de 10 a 12 anos, somente os alunos da Alemanha, Estônia e Coreia do Sul são mais infelizes do que os da Inglaterra. E se considerarmos, diz a pesquisa, a satisfação com sua vida, tanto na escola como fora, os jovens britânicos vêm em segundo lugar no ranking negativo, somente na frente da Coreia do Sul.

tabela inglaterra de felicidade dos adolescentes ago 2015A experiência examinou 53 mil crianças de 15 países e descobriu que mais de um terço dos alunos britânicos tiveram problemas de bullying físicos no mês anterior. E mais da metade responderam ter tido experiência de algum tipo de bullying, como excluídos de atividades por outras crianças ou provocados e menosprezados.

As meninas são mais infelizes que os meninos. No ranking europeu as britânicas são as mais infelizes.

Os assédios são piores para crianças de origem asiática ou imigrantes de outras nacionalidades, que não têm trégua nas escolas por parte dos colegas, muitas vezes com a complacência dos superiores. Para não perderem a vaga numa escola pública, muito preciosa na Inglaterra, por ser gratuita e de nível elevadíssimo, esses adolescentes se submetem e escondem o bullying até dos próprios pais. Talvez isso explique a quantidade de jovens com distúrbios de comportamento, principalmente na periferia das grandes cidades britânicas, e a facilidade como grupos terroristas, como o estado Islâmico, seduz jovens nessa faixa de idade para fugirem e se juntarem à aventura suicida dos fanáticos.

O depoimento de uma estudante natural de Bangladesh resume o que marca a infelicidade de muitas crianças, mesmo britânicas, para quem o bullying mudou sua vida: “É uma destruição da alma, o que realmente é. Eu sei o quanto eu sofri e eu não quero que ninguém mais passe por isso. Como resultado, eu sofri depressão grave e ansiedade. Eu estava tão isolada. Eu não tinha confiança, nem tinha autoestima. Eu não podia falar com os meus pais e os meus professores não entendiam. Eu me senti uma suicida grande parte do tempo."

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