No ano passado, cerca de 33 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a deixar suas casas devido a desastres naturais. De acordo com dados divulgados pelo Conselho Norueguês para os Refugiados, estima-se que 98% deles foram atingidos por fenômenos relacionados ao clima.
Em 2013, a intensidade das enchentes e tornados, principalmente na Ásia, África e Estados Unidos, mostra que o cenário não será muito diferente de 2012. Os desastres naturais voltaram ainda com mais intensidade. Catástrofes como terremotos, tornados e onda de calor causaram 45 bilhões de dólares de perdas na primeira metade de 2013. Além do Canadá, da Austrália, Índia e China, países mais afetados em 2013, na Europa, principalmente na Alemanha, as inundações totalizaram prejuízos de 13 bilhões de dólares e contabilizaram, nesses países, mais de mil mortes.
Segundo reportagem publicada na revista Time, a maioria das tragédias de 2012 estava relacionada a chuvas excessivas, com enchentes, deslizamentos de terra e destruição das lavouras, o único meio de subsistência de muitas famílias pobres; ciclones, tornados, terremotos, incêndios, tsunamis e erupção de vulcões.
Para o Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos, um dos órgãos dirigentes que pesquisa tragédias globais, esse número de atingidos por catástrofes é quase o dobro do registrado em 2011. 68% (22,2 milhões) das pessoas que foram desalojadas no ano passado moravam na Ásia, o que torna esse Continente alvo preferencial dos organismos de prevenção e de mitigação dessas tragédias naturais.
Já há um entendimento entre os organismos internacionais, principalmente a ONU, de que políticas de prevenção precisam ser urgentemente levadas a cabo nas regiões mais pobres e sujeitas a desastres naturais. Isso representaria uma grande economia de recursos. Os dirigentes citam como exemplo o caso de inundações do principal rio que banha Moçambique, na África.
Em inundação ocorrida há dois anos, os custos posteriores à tragédia, que desalojou milhares de pessoas, chegaram a US$ 120 milhões, entre ações de saúde, transporte, alojamentos, alimentação e construção de abrigos. Cálculos da ONU, anteriores à ocorrência da tragédia, previam que recursos de US$ 10 milhões teriam sido suficientes para assorear o rio e evitar a extensão da tragédia.
No Brasil perdas de R$ 15 bilhões
Apesar de o Brasil não registrar grandes catástrofes naturais, como na Ásia e Estados Unidos, as mudanças climáticas também mudaram o cenário nacional. A ocorrência de desastres naturais aumentou 268% na década de 2000, em comparação aos 10 anos anteriores. Os dados foram divulgados pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas (Conclima), no dia 10 de setembro último.
O país apresentou crescimento em todos os tipos de desastres naturais característicos do continente americano, como mostra o gráfico abaixo, do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais. “O que mais preocupa é que, entre os desastres que mais tiveram aumento de incidência, estão as inundações e os movimentos de massa, como deslizamentos, que são os que mais geram vítimas fatais”, segundo o Centro. Entre 1991 e 2010, cerca de 2.500 pessoas morreram no Brasil por conta do problema, principalmente na região sudeste.
Os prejuízos anuais com a falta de prevenção são incalculáveis. No Rio de Janeiro, o estado há pouco estava gastando R$ 68 milhões por ano com manutenção de aluguéis de famílias desalojadas pelos deslizamentos, nas encostas da região serrana, ocorridos em 2010 e 2011. A construção de novas casas era lenta e acabou propiciando desvios por parte de prefeituras da região; em alguns casos, depois de prontas, as casas apresentaram inúmeros defeitos, impossibilitando que os desalojados pudessem ocupá-las.
No Brasil, tão violenta quanto as enchentes, tem sido outra catástrofe secular: a seca no Nordeste, que dizimou lavouras e animais. A população da região, principalmente os mais jovens, tem migrado para centros maiores em busca de melhores condições de sobrevivência. No interior, ficam apenas os mais velhos que ainda têm esperança de retomar as plantações, à espera da chuva, e não querem abandonar o único bem que possuem: a terra.
No último fim de semana, a cidade de Taquarituba, 22 mil habitantes, no inerior de S. Paulo foi vítima de um vendaval que matou três pessoas e feriu 40. O fenômeno, parecido com um tornado, arrasou a cidade e destruiu quase todos os silos de armazenagem de grãos da cidade. O cenário é de terra arrasada. A cidade nunca havia sofrido uma catástrofe natural dessa magnitude.
A ONU elegeu os 10 lugares do mundo que mais sofreram com tragédias naturais em 2012. Veja a continuação do artigo da Time
How Natural Disasters Changed the World in 2012
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