Glenn Greenwald“A ventania reformadora dos meios de comunicação voltou ao Brasil da pior e da melhor maneira. Cortaram-se vagas e poderão ser extintos títulos que fizeram história. Esse é o aspecto fim do mundo. Há o outro, do mundo novo”. Assim o jornalista Elio Gaspari, abre hoje a coluna semanal publicada nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo.

“De sua casa na Gávea, o jornalista Glenn Greenwald explodiu um dos grandes segredos do governo americano jogando o companheiro Obama no fosso da falta de credibilidade. Ele grampeia o mundo, inclusive seus cidadãos".

Gaspari se refere aos estranhos caminhos percorridos pela boa notícia, a notícia quente, não precisando mais o repórter estar presente na “cena do crime” para dar o “furo” do ano, certamente a notícia que o serviço secreto americano e Barack Obama não gostariam fosse publicada. A notícia que ocupou o maior espaço da mídia internacional nesta semana, desde que estourou nos jornais The Guardian e The Washington Post, na semana passada.

Glenn Greenwald, 46 anos, vive e trabalha no Brasil há 8 anos e foi daqui que coordenou a série de reportagens, por meio do jornal britânico The Guardian, do qual é colunista, para implodir o esquema de vigilância do serviço secreto americano e da poderosa Agência de Segurança Nacional-NSA. Em 2005, ele inaugurou um Blog especializado em matérias sobre segurança nacional e liberdades civis.

“As pessoas (fontes) pensam que estão mais protegidas, por conta da distância, e que eu estou menos vulnerável a ser alvo de ações policiais ou processos judiciais porque vivo no Brasil – que isso me dá uma proteção adicional”, disse Greenwald à Folha de S. Paulo, na última sexta-feira.

O jornalista foi escolhido pelo ex-técnico da CIA e empregado da empresa de consultoria estratégica Booz-Allen, Edward Snowden, pela sua especialização em reportagens sobre segurança nacional, mas certamente também pela localização estratégica, no Brasil, que evitaria pelo menos em tese o monitoramento direto das autoridades americanas. Evitaria também qualquer risco de o jornalista ser interpelado ou preso por autoridades americanas.

Como disse Ian Bremmer, no Financial Times, “uma geração atrás, os autocratas ainda podiam esperar para manter o controle das informações dentro de seus países e limitar a capacidade dos cidadãos de se comunicar uns com os outros e o mundo exterior. Hoje, as pessoas carregam engenhocas que lhes permitem enviar ideias arremessadas para além das fronteiras, para se conectar uns com os outros como nunca antes.”

Gaspari ressalta que, apesar da crise que os jornais vivem, “o futuro do jornalismo estava na Gávea”, onde morava o autor dos artigos que revelaram o esquema de vigilância dos EUA.

“Nunca na história deste país notícia tão importante saiu daqui, muito menos da Gávea. A imprensa americana tem dezenas de repórteres especializados em segurança nacional. A maioria trabalha em Washington, com bons salários e incríveis fontes.

“Os mais afortunados vão todo ano ao jantar dos correspondentes da Casa Branca, com direito a tapete vermelho e a acompanhantes famosas. Pois foram batidos por um repórter que, desde 2007, trabalha no Rio. Depois de passar pelo site "Salon", Greenwald está no jornal inglês "The Guardian". Seu principal instrumento de trabalho é o computador.", diz Elio Gaspari.

Foto: Green Greenwald.

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Leia o artigo completo de Elio Gaspari, “O futuro do jornalismo estava na Gávea”.

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