O tempora! O Mores! Diria o orador romano Cícero. O tempo da inocência nas escolhinhas do interior realmente acabou. Na pequena cidade de Ozark, Missouri (EUA), com menos de 20 mil habitantes, os professores da Fairview School foram autorizados a portar armas com o objetivo de defender os alunos de eventuais ataques.
A manchete do The West Plains Daily Quill, o diário da cidade de West Plains, poderia ser uma bomba: “Na Escola Fairview alguns funcionários agora podem portar armas ocultas". Foi assim que a maioria dos pais de alunos ficou sabendo que a escola tinha treinado alguns dos membros de sua equipe para portar armas. A reação, além da surpresa, foi principalmente de alegria, segundo artigo publicado hoje no The New York Times.
"Estou muito feliz em ouvir isso", postou uma mulher - cujo netos frequentam a Fairview - na página do Facebook do jornal local, acrescentando: "Todas as escolas dos Estados Unidos deveriam fazer isso."
A paranoia de segurança que atinge as escolas americanas vem na esteira do atentado à Escola elementar de Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, em dezembro de 2012, quando morreram 26 pessoas, sendo 20 crianças. O presidente Obama patrocina um comitê, comandado pelo Vice-Presidente Joe Biden, para apresentar ao Congresso restrições à compra e porte de armas, principalmente as de grosso calibre. A sociedade americana está dividida e o tema vem a debate sempre que um novo atentado acontece. Diante da brutalidade do último atentado, agora parece que pelo menos algumas restrições serão aprovadas.
Os administradores da escola Fairview disseram que após o atentado em Newton, alguns pais sugeriram que devia ser permitido aos professores portar armas. Muitos pais perguntavam: "O que estamos fazendo com a segurança? Eu quero saber.” Uma das maiores preocupações dos administradores e pais era que o mais rápido que o xerife poderia chegar para prestar algum socorro, por ser a única escola do distrito, seria nove minutos. Então eles resolveram organizar a própria segurança.
Segundo o NYT, “a diretoria da escola, que inclui um ex-xerife do condado, trabalhou os detalhes da cobertura de responsabilidade com a empresa seguradora da escola. Então, em uma reunião aberta no final de fevereiro, autorizou alguns dos funcionários da escola a se submeter a um programa de treinamento para certificá-los para transportar armas no campus.
Esses funcionários participaram de um curso de 40 horas durante as férias da Primavera, no mês passado, através de uma empresa chamada Soluções Shield, cujos instrutores incluiu os membros da equipe da SWAT locais.
O treinamento, que foi pago pela escola, incluía armas de fogo e treinos situacionais. Os funcionários, que puderam usar suas próprias armas, cada um também teve que passar por uma rigorosa verificação, um teste de drogas e uma avaliação mental - que deve ser repetido anualmente, bem como o treinamento de armas de fogo adicional, para poderem ser recertificados.
Mas houve alguma reação contrária?
"Eu estou realmente chateada mais sobre a forma como isso aconteceu, a portas fechadas", disse Eileen Wilson, de 53 anos, acrescentando que ela está considerando remover da escola a sua filha, que é autista. "Eu só não acho que algo dessa magnitude seja um tema que você acaba de colocar em um comunicado de imprensa. 'Ah, a propósito, temos 10 pessoas portando armas agora na escola. "
Leia o artigo completo do The New York Times.
A Missouri School Trains Its Teachers to Carry Guns, and Most Parents Approve