bancos industria financeira boaQuando se fala em crises corporativas, um dos primeiros ativos das corporações chama-se confiança. Até que ponto um país ou uma corporação pode ser confiável para superar o momento negativo? Por causa desse fator, vale a pena conhecer e avaliar os resultados de pesquisa Edelman Trust Barometer, conduzida pela empresa de PR Edelman.

A pesquisa examinou a confiança em quatro instituições-chave: governos, corporações, mídia e organizações não governamentais. Foi feita colhendo opinião da população dos 25 países mais representativos da economia mundial.

O Edelman Trust Barometer se baseia em 16 vetores de confiança. As pesquisas da empresa indicam que uma companhia confiável combina eficiência na operação, com responsabilidade social, segregando os 16 vetores de confiança em relação a dois fatores: relações com a sociedade e desempenho operacional.

No aspecto operacional, são levados em conta, entre outros, atributos como qualidade dos produtos e serviços; transparência nas práticas negociais; comunicação frequente e honesta sobre o negócio; retorno aos acionistas; liderança; inovação em produtos, serviços e ideias; ranking na lista global das corporações e parcerias com ONGs, governos e terceiro setor.

Nas relações com a sociedade, atributos de confiabilidade são: escutar as necessidades do cliente e dar feedback; conduzir ações responsáveis para gerenciar problemas ou crises; colocar o cliente acima do lucro; tratar bem os empregados; ter ética nas práticas negociais; trabalhar para proteger e promover o meio ambiente; prover as necessidades da sociedade nos negócios diários; e criar programas que positivamente impactem a comunidade local.
 
Alguns tópicos da pesquisa

A confiança global dos países passou de um índice de 51, em 2011, para 57 em 2013. Mas que países podem ser considerados “confiáveis”, nos critérios determinados pela Edelman? China (80) Singapura (76), India (71) e México (68) e Hong Kong (67) têm os melhores índices de confiança.

Há uma segunda categoria de países, chamados “neutros”, aqueles que não têm um grau de confiança elevado, mas que também não se enquadram como não confiáveis. Nessa categoria de neutros estão os Estados Unidos  e a Holanda (59), Brasil e Alemanha (55), Suécia (54) e Reino Unido (53). Na lista negra, de países não confiáveis se encontram Polônia, Coreia do Sul, Irlanda, Argentina, Espanha, Japão e Rússia. Em 2011, o Brasil obteve um índice de confiabilidade de 80, ficando no topo da lista. Caiu para 51 em 2012. E, agora, subiu algumas posições na percepção da população pesquisada.

ONGs as mais confiáveis

Pelo quinto ano seguido, as organizações não governamentais, com índice de 63 foram as entidades mais confiáveis. Em 2012 obtiveram índice de 58. Seguem, pela ordem, os negócios 53 em 2012 e agora 58; mídia 52 para 57 e governos, com 43 em 2012 e 48, nesta pesquisa.

Um interessante dado da pesquisa é sobre quem tem mais confiança: as empresas ou governos. Em alguns países, como Brasil, Argentina e México, a confiança nas empresas é quase o dobro da dos governos; em outros, como Canadá, Alemanha, Holanda, Hong Kong e Singapura, a confiança nas empresas se equivale a dos governos. Em outros países, como França, Suécia, Coreia do Sul e China, os governos são mais confiáveis do que as empresas. Na Rússia, Itália, Polônia, Irlanda e Espanha, a confiança nas empresas é levemente superior a dos governos.

A confiança nos negócios e o poder da tecnologia

Um dado interessante da pesquisa Edelman é sobre a confiança nas indústrias, em geral.  Assim como aconteceu em 2012, as indústrias de tecnologia (77), automotiva (69),alimentação e bebidas (66), consumo de bens embalados (65) e bebidas em geral, junto com telecomunicações (62) se destacam no topo das áreas mais confiáveis. Seguem-se energia (59), mídia (53) e bancos, junto com serviços financeiros (50), aparecendo na lista como os menos confiáveis.

A tecnologia surge de novo como a área mais confiável, embora tenha perdido alguns pontos em relação a 2012. Por que?  Possivelmente pela rapidez da inovação, com a inserção no mercado de smartfones mais potentes, principalmente em países de ponta como Estados Unidos e Reino Unido. A popularização dos celulares e dos tablets, além da amplitude da banda larga, que permite conexões mais rápidas, podem ter contribuído para a percepção de que a tecnologia é a área mais confiável da indústria em geral.

Bancos e serviços financeiros os menos confiáveis

Pelo segundo ano consecutivo, os bancos aparecem com os vilões da relação, com os índices mais baixos na pesquisa de confiabilidade. Junto com os serviços financeiros, obtiveram apenas 50. Certamente a confiança dos bancos foi abalada pelos últimos escândalos, que redundaram em pesadas penalidades financeiras, encerramento de atividades e afastamento de alguns CEOs.

As quebras financeiras ocorridas na eurozona tiveram certamente impacto negativo nessa percepção de confiança, em países como Alemanha, Espanha e França. O persistente clima negativo na economia, com a lentidão das respostas de países como Portugal, Grécia, Itália e Espanha, tornaram o cenário de 2012 bastante incerto. Mas também surpreende na pesquisa como o índice de confiança na indústria financeira caiu na Coreia do Sul, descendo 25 pontos em relação a 2012.  

Quando perguntados na pesquisa sobre a principal causa desses escândalos,  25% dos respondentes aponta a corrupção corporativa; 23% a cultura corporativa dirigida para compensações e bônus; 20% falhas de regulação; 13% o tamanho dos bancos, que se tornaram muito grandes; 11% conflitos de interesse; e, por último, 6% indicam mudanças na economia.

Um resumo e comentários sobre a pesquisa da Edelman podem ser encontrados no site da especialista em crises corporativas nas redes sociais Melissa Agnes.

Para obter mais dados sobre a o Edelman Trust Barometer, incluindo explicações da empresa responsável, acessar http://trust.edelman.com/

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