obama_romneyA mídia amanheceu, logo após o debate dos dois candidatos à presidência dos EUA, cheia de análises e interpretações sobre o desempenho dos dois postulantes ao cargo. O primeiro encontro foi realizado em Denver. A maioria das pesquisas apontam a vitória de Romney no debate, por ter sido mais incisivo, com respostas mais contundentes e bem formuladas, mas principalmente pela linguagem do corpo. Obama estava irreconhecível, cansado, olhava para baixo, denotava desatenção e pouco encarava o interlocutor.

Na preparação para Media Training, as fontes se preocupam muito com o conteúdo. Procuram dominar o tema para não fazer feio. Se a entrevista for para a mídia impressa, o cuidado apenas deve ser para a melhor foto. Uma péssima imagem na ilustração da matéria pode fazer um estrago bem grande. Não deve ter sido diferente com Romney e Obama, quando se prepararam para o debate. Com um agravante: a televisão expõe com toda a crueza suas fragilidades físicas.

Na entrevista para a televisão, planejar o que será dito é muito importante, até porque as respostas devem ser curtas, editadas, para evitar cortes perigosos nos conteúdos. . Mas as fontes precisam também levar em conta um aspecto de vital importância de como isso será dito. Se a mensagem será ouvida e, mais importante, como a linguagem do corpo a reforçará. A forma como algo é dito pode dar uma força extraordinária ao que é dito. Isso vale para o olhar, o tom da voz, o timbre, sotaque, tropeços, vícios de linguagem, etc;

Basicamente, a linguagem do corpo expõe o nível de confiança do interlocutor; gestos manuais; o arrastar ou balançar dos pés; o tom e ritmo da voz; expressões faciais e o contato do olhar.

Pesquisa realizada nos Estados Unidos pelo professor universitário Albert Mehrabian constatou que num discurso, entrevista ou palestra o peso dos elementos da comunicação interpessoal estão assim distribuídos: linguagem do corpo 55%; tom e ritmo da voz: 38%; palavras pronunciadas: 7 a 12%. A mensagem comunicada, portanto, chega à audiência por meio de três elementos: as palavras que você diz. Por mais que se esforce um candidato para se claro na mensagem, que o som esteja perfeito, a dicção impecável, o peso das palavras é muito pequeno. Somente 7 a 12%. É o que eles lembram.

O tom e o ritmo da voz tem um peso bem maior, entre 33 a 38%. Uma mesma frase dita de forma diferente pode dar múltiplas interpretações. Se quer enfatizar, numa entrevista de crsie, por exemplo, uma das mensagens-chave, é preciso imprimir tom correto e ritmo.

O terceiro elemento é a linguagem do corpo, onde Obama pecou ontem. Ele sabia certamente, se não sabia foi falha da assessoria, que sua imagem aparecia junto com a de Romney na tela, enquanto este falava. Obama olhava para baixo, meio curvado, parecendo enfadado e às vezes até com ar superior. Como se dissesse (corporalmente)... eu tenho que aturar essas bobagens!

Esse elemento é tão importante que as pesquisas lhe dão uma força de 55% na mensagem, dependendo de como se comporta seu corpo. A audiência captura isso no subconsciente e a compreensão da mensagem tem muito a ver com isso. Essa lembrança pode ser mais forte do que a própria mensagem. Gestos fortes, postura corporal elegante, comedida, imponente, junto com um discurso verbal impecável, pode ser a fórmula do sucesso dos grandes oradores de que, no Brasil, são exemplos Leonel Brizola, Carlos Lacerda, Afonso Arinos de Melo Franco e, no século XIX, Rui Barbosa. Juscelino Kubitschek também tinha uma certa elegância corporal quando falava, por isso cativava. Além de John Kennedy, famoso pelo charme e empatia que transmitia ao falar.

Nas entrevistas, portanto, repórteres de jornais, que ficam face a face com as fontes, estão de olho na linguagem corporal. Se a entrevista for por telefone, eles terão o tom da voz e o ritmo para fazer seu julgamento, avaliando sua sinceridade, nervosismo, insegurança e controle ou não da situação.

O público na televisão também está de olho nessas qualidades. Não são apenas os analistas e marqueteiros dos candidatos. Mensagens são comunicadas subliminarmente pela linguagem do corpo. As câmeras são implacáveis nesses encontros, palestras, nas aulas e entrevistas. Imagine como essas qualidades do executivo serão avaliadas numa entrevista de crise?

Outros artigos sobre o tema (atualizado em 2016)

What body language tells us about the second presidential debate

 

 

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