Dlar_dlarO dinheiro está ocupando o debate e deixando de lado a luta contra a crescente desigualdade. Quem alerta é Soledad Gallego-Diaz, colunista do El País. O anúncio de que a Espanha é o país com a maior desigualdade de renda da eurozona trouxe para as ruas, a mídia e os plenários políticos uma discussão que vai além da crise econômica. “Está se perdendo a liberdade de falar, não porque exista censura, mas porque se impõe um único debate”.

Os espanhóis protestam porque as medidas discutidas nos gabinetes da União Europeia parecem mais se dirigir para beneficiar os bancos, onde se injetam bilhões de Euros, do que para as pessoas. “É o desemprego, estúpidos”, diz a colunista. Ele continuará em níveis superiores a 22-25% nos próximos anos, enquanto mais de 50% dos jovens entre 18 e 24 anos estão em casa sem trabalho. A situação é tão dramática que está se criando uma geração perdida, sem perspectiva, sem futuro, sustentada pelos pais e avós. É isso que buscamos para o mundo, quando falamos em progresso?

O efeito perverso de tudo isso é que a crise política e econômica gera um efeito cascata sobre empresas, empregos e sociedade. É um estado de crise permanente. O que tem levado na Itália, por exemplo, empresários desesperados ao suicídio, com vergonha de ter que demitir pais de família, há anos trabalhando com eles, ou reconhecer, com os credores, principalmente bancos, que estão literalmente quebrados.

Segundo a colunista, Walter Benjamim expressou de maneira insuperável em Calle de dirección única: “Em toda conversação se está infiltrando, inevitavelmente, o tema que determina as condições de vida, o dinheiro”.

O dinheiro ocupa de maneira devastadora o que é o centro mesmo dos interesses vitais, dizia Walter Benjamim, e é o limite ante o que fracassam quase todas as relações humanas, pelo que, tanto no aspecto moral como no natural, desaparecem “a confiança, o sossego e a saúde”, diz Gallego Diaz.

A revolta que todas as semanas leva para as ruas milhares de trabalhadores na Europa, particularmente na Espanha, despertou até mesmo movimentos de emancipação política, como aconteceu na Catalunha. Até a Igreja diz que não seria contra um plebiscito pela emancipação. A colunista pergunta: por que não falar na Espanha, nas ruas e no Parlamento, que nós temos nos convertido no país de maior desigualdade social da eurozona?

Leia mais em El devastador debate sobre el dinero... de Soledad Gallego- Diaz

 

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