Esta semana, o bilionário Rupert Murdoch, o todo poderoso dono do conglomerado News Corporation, lançou um caderno no The Wall Street Journal totalmente voltado para Nova York. O objetivo é cutucar o seu principal rival, o New York Times, o mais prestigiado jornal dos Estados Unidos e do mundo.
O lançamento do suplemento Greater New York (Grande Nova York) de 16 páginas, encartado na edição do WSJ tenta abocanhar anunciantes e enfraquecer o rival, que luta desde 2008 para equilibrar as combalidas finanças. A mídia internacional chama esse desafio de a última grande guerra jornalística do século 20.
O The Wall Street Journal sempre teve como tradição cobrir os assuntos econômicos, mas desde 2007, quando foi adquirido pelo empresário Murdoch, diversificou a linha editorial, dando ênfase à política e notícias nacionais. O objetivo é manter o leitor interessado no noticiário econômico e, ao mesmo tempo, segurá-lo com notícias nacionais e de Nova York. Ou seja, desestimulá-lo a ler o NYT. Hoje o WST tem uma tiragem diária de 2 milhões de exemplares, enquanto o rival registra 950 mil exemplares diários.
A iniciativa do Journal provocou reações no NYT , que distribuiu uma nota de saudação ao concorrente, considerada irônica: Depois de 120 anos de existência, o Wall Street Journal nesta manhã decidiu finalmente cobrir Nova York ao norte de Wall Street. No espírito da camaradagem, damos boas-vindas ao novo caderno local. O New York Times tem sido o jornal de Nova York por cerca de 160 anos e sabemos como é difícil para iniciantes conquistarem seguidores.
A nota provocou uma reação imediata de Rupert Murdoch, que por meio do seu tablóide New York Post, lançou um ataque ao rival. O jornal traz uma reportagem dizendo que o New York Times vai perder a guerra por anunciantes, porque a partir de agora tem um concorrente de peso, que vai acabar com a sua hegemonia de décadas na cidade.
O ataque de Murdoch ao NYT faz parte do esforço que a mídia impressa dos Estados Unidos está fazendo para sobreviver num mercado em permanente evolução e com receitas em queda. A estratégia de Murdoch é oferecer anúncios no suplemento de Nova York por preços mais baixos do que o concorrente. De acordo com exaustiva análise do articulista Dan Kennedy, do jornal inglês The Guardian, é uma estratégia brilhantemente cínica.
O NYT também se rendeu a uma antiga bandeira de Murdoch: a cobrança pelo conteúdo on line. O empresário tem defendido que os jornais devem cobrar pelo acesso ao conteúdo da internet, porque os custos de produção de notícias são muito elevados e não tem sentido oferecê-las gratuitamente. Ele abriu outra frente de batalha com o Google, ao questionar o maior site de procura o mundo por não pagar para distribuir o conteúdo dos jornais.
A indecisão do NYT pela cobrança do conteúdo se deve ao receio de afastar os 20 milhões de leitores mensais que acessam sua página e garantem uma receita publicitária razoável. Mesmo assim, o NYT já anunciou que passará a cobrar pelo conteúdo a partir dos próximos meses. Na Inglaterra, o tradicional jornal The Times, de propriedade de Murdoch, também começará a cobrar pelo acesso on line a partir de 1º de junho. Os usuários pagarão 1 libra pelo acesso por um dia ou 2 libras pelo acesso de uma semana nos sites do The Times e The Sunday Times. O NYT ainda não definiu a forma de cobrança.
Em função dessa mudança na política de acesso, o Times se retirou da última aferição de audiência. Pesquisa divulgada quinta-feira (29), sobre page views dos jornais ingleses, mostra o Daily Mail, com 2.246 mil acessos diários (39,1 milhões mensais), seguido do The Guardian, com 1.852 mil (33,3 milhões mensais). São jornais que demonstram uma força impressionante na internet, considerando que a população da Inglaterra é um quinto da população americana.
Publicidade cresce no Brasil
No Brasil, apesar da queda na tiragem dos principais jornais, à exceção apenas dos chamados populares, a receita publicitária deve crescer 11,6% em 2010, segundo previsões da consultora ZenithOptimedia, ligada a um grupo publicitário. No ano passado, o crescimento foi de 11,8%, com faturamento de US$ 11,7 bilhões. O dado mais importante nessa área, em 2009, foi a internet ter superado as revistas no bolo das receitas publicitárias, pela primeira vez, atrás apenas da tevê e jornal. No Brasil, existem previsões de que a receita de internet irá superar a de rádio em 2010.
Na circulação, entre os grandes jornais, somente Correio Braziliense (6,7%) , de Brasília, e Zero Hora (2%), de Porto Alegre, tiveram crescimento em 2009. Os demais que aumentaram circulação são os chamados jornais populares, como Daqui, de Goiânia (31%), Expresso da Informação, do Rio (15,7%), Lance (10%) e Agora São Paulo (4,8%).
Foto: Spencer Platt/Getty