eymaelA Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP)  condenou, na reunião semestral encerrada em 16 de março no Paraguai, os ataques contra a imprensa por parte de alguns governos latino-americanos, o uso da publicidade oficial como forma de pressão e os assassinatos ocorridos no último semestre no México, na Venezuela e no Paraguai.

A SIP é uma organização sem fins lucrativos que reúne empresários e editores de meios de comunicação da América.

A SIP também exigiu a libertação dos jornalistas cubanos presos e, em contrapartida, destacou avanços na resolução de vários casos de homicídio, assim como na legislação para garantir o livre exercício da profissão em vários países.

A organização criticou o governo brasileiro, pelas recentes declarações do presidente Lula sobre a imprensa, comparando seu comportamento com o do colega venezuelano Hugo Chaves.  A comparação é exagerada, porque Chaves fechou canais de televisão, persegue jornalistas que o criticam e não admite sequer a livre manifestação da oposição.  Como se sabe, o presidente Lula nunca chegou a este extremo.

O presidente brasileiro sempre ataca a imprensa e lança críticas desmedidas quando o enfoque do noticiador ou de um comentário não lhe agrada, diz a SIP no trecho do relatório sobre liberdade de expressão que fala sobre o Brasil.

O documento, divulgado ao fim da reunião do SIP no Paraguai, menciona a recente entrevista concedida por Lula à revista Piauí, na qual chegou a dizer que a leitura dos jornais lhe causa azia.

Ainda de acordo com o relatório, as palavras e ações do governo em relação a aspectos regulamentares e a interferências no funcionamento dos meios de comunicação sempre preocupam porque trazem conceitualmente controles e interferências na produção do conteúdo. Até segunda-feira, o Palácio do Planalto não havia se manifestado sobre as declarações.

A SIP também opina que uma breve retrospectiva do noticiário mostra que Lula tem dificuldades para aceitar o trabalho dos jornalistas. Além disso, a entidade lembra que Lula disse certa vez que ecomendaria a qualquer presidente que se afaste dos políticos e da imprensa nos finais de semana.

O relatório ainda diz que o governo federal segue empenhado em promover, com o apoio de ONGs e de movimentos sociais, uma Conferência Nacional de Comunicação. Tal iniciativa preocupa a SIP, pois provocaria interferências no conteúdo gerado para as diversas plataformas de mídia.

Em suas conclusões, o órgão, que reúne cerca de 1.300 veículos de comunicação do continente, afirmou que a situação na região se agravou porque os violentos inimigos da liberdade de expressão fizeram novas vítimas. Ela condenou a prisão de jornalistas em Cuba e as restrições à liberdade de imprensa na Venezuela. Em contrapartida, elogia a Colômbia, que já foi um dos países mais violentos e neste período não registrou nenhum assassinato de jornalista.

Segundo a SIP, seis repórteres foram mortos desde outubro do ano passado, quando a última reunião do órgão foi realizada, em Madri. Luis Méndez, Armando Rodríguez, Miguel Ángel Villa Gómez e David García foram assassinados no México, Martín Ocampos no Paraguai e David Zambrano na Venezuela. A SIP pediu que os governos desses países adotem medidas para garantir a segurança dos jornalistas, a independência e liberdade da atividade, o direito dos cidadãos à informação e o embates da autocensura. O México continua sendo um dos lugares mais perigosos para os jornalistas, diz a SIP.

A SIP também manifestou preocupação com a crise que envolve a indústria jornalística nos Estados Unidos. Vários jornais americanos, além de demitir grande parte dos jornalistas, fecharam as edições impressas, optando somente pela edição na internet. A SIP diz que esse enfraquecimento ameaça debilitar o papel crucial da imprensa como guardiã vigilante dos casos de corrupção, tanto do governo como do setor privado.

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