A companhia investiga a ameaça desde outubro, quando recebeu uma carta que continha informações pessoais de 75 de seus membros, incluindo nomes, datas de nascimento, o número do seguro social e, em alguns casos, informações de prescrições. Ou seja, todos dados confidenciais.
A empresa diante dessa grave ameaça à sua imagem, fez o correto. Comunicou o FBI imediatamente e contratou especialistas externos em segurança de dados e decodificações legais em computadores para ajudar na investigação interna da empresa.
“Nós estivemos conduzindo uma rígida investigação desde que recebemos essa ameaça e estamos levando o caso muito a sério”, disse George Paz, presidente, em um relatório citado pelo repórter John Markoff no The New York Times, em 6 de novembro. “Nós estamos cooperando com o FBI e estamos empenhados a fazer o que pudermos para proteger as informações pessoais de nossos membros e para rastrear a pessoa ou as pessoas responsáveis por esse ato criminoso.”
A empresa também tomou uma iniciativa recomendada nesses casos, abrindo um canal direto para quem quiser tirar dúvidas ou dar alguma informação sobre a ameaça. Criou também um site para membros da instituição fornecerem informações sobre o acidente e aprender a se proteger do roubo de identidade.
A Express Scripts, instalada em St. Louis, é uma das maiores empresas de gestão de benefícios farmacêuticos nos EUA. Ela fornece benefícios de prescrição para aproximadamente 50 milhões de pessoas entre clientes como planos de saúde, empregados e planos médicos sustentados por sindicatos.
A empresa quando procurada pela imprensa, afirmou que ainda estava tentando certificar-se da exata natureza do roubo. “Tudo que sabemos sobre a natureza dos arquivos roubados é que a carta incapacitou-nos de dizer da onde, em nosso sistema, estes foram roubados.” disse o porta-voz Steve Littlejohn. “Ainda não tomamos decisão alguma.”
As empresas quando sofrem esse tipo de ameaça e, corretamente, vão à imprensa denunciar, acabam sofrendo pressão para maiores detalhes. Mas ninguém é obrigado a prestar mais informações do que o necessário. Ou porque a apuração é confidencial. Ou até porque, na maioria dos casos, as empresas não têm realmente qualquer informação nova. O porta-voz da organização disse que por causa das investigações, a empresa não estaria inclinada a dar detalhes sobre a natureza da carta ameaçadora. Ele também disse que a ameaça de extorsão foi por dinheiro, mas não revelaria a quantia.
Como a empresa não tem maiores detalhes dos desdobramentos da ameaça, a postura correta é não se furtar a dar informação, embora deva se manter bastante comedida nessa hora. Eles sequer tinham uma dimensão dos arquivos e dados roubados. O porta-voz disse que a empresa ainda não se certificara da quantidade de arquivos (dados) que foi roubada. Ele também disse que a empresa ainda não descartou a possibilidade de roubo interno.
Esse tipo de ameaça, utilizando chantagem como arma para obter vantagens financeiras das organizações, embora tenha agora contornos modernos e cibernéticos, não é nova. Multinacionais como Johnson & Johnson, no caso do Tilenol, a Nestlé, com ameaças de envenenamento de leite, já foram vítimas de crimes semelhantes. A polícia tem extrema dificuldade para identificar os terroristas. Mas nos casos mais emblemáticos, as empresas que foram transparentes, denunciando as ameaças com rapidez e abrindo as informações para o público, acabaram se saindo bem. Diante da postura correta, sem intimidação das empresas, as ameaças cessaram. As organizações não cederam à chantagem.