Não importa o que aconteça ao navio, o capitão é sempre culpado
O título deste artigo, reproduzindo um adágio popular, pode ser lido como uma máxima de gestão de crises, quando se trata de liderança. Mas também cabe como uma luva no episódio do naufrágio do iate Bayesian, do magnata britânico Mike Lynch, na Sicília, na semana passada. O iate de R$ 250 milhões era um dos mais caros e modernos do mundo.
Leia mais...Neste 11 de março, completam-se dez anos da tríplice tragédia do Japão: terremoto, tsunami e explosão de reatores da Usina nuclear de Fukushima. É considerado um dos maiores desastres naturais da história, porque a tragédia natural foi combinada com o acidente nuclear, que levou à explosão de reatores da usina nuclear, seguida da evacuação da região, e a prejuízos incalculáveis. A extensão e o custo da tragédia se devem mais às consequências da explosão do reatores em Fukushima, do que propriamente às dos fenômenos naturais.
O mundo atravessa um dos períodos mais conturbados de sua história. A maior crise em pelo menos 100 anos. Apenas para ficar no século XX até esse início de século, poucos acontecimentos históricos podem se comparar, em dimensão e consequências desastrosas, com a pandemia do Coronavírus.
Para ficar com os mais emblemáticos: as duas Guerras Mundiais de 1914-1918 e 1939-1945; a pandemia da chamada Gripe Espanhola, em 1918; a revolução soviética, em 1917; a quebra da Bolsa de Nova York e a crise financeira de 1929. Houve outras guerras? Sim. Outros acontecimentos graves, que impactaram a humanidade? Sim. Mas da forma como esta pandemia afeta todos os países de forma inapelável e deletéria, basta ficar nos eventos históricos que citamos.
“A comunicação é um ativo importante para as organizações. Quem trabalha na área tem o dever de fazer uma comunicação proativa e evitar repercutir qualquer informação, antes de ser comprovada por meio das mídias tradicionais ou de fontes confiáveis. Dessa forma, nenhuma informação se fragiliza”, recomenda o professor João José Forni.
Teria o Brasil atingido o fundo do poço neste início de ano? “Muitas vezes, em crises graves, você não pode ver nenhuma luz no fim do túnel, porque seu foco está na escuridão”, diz Gisli Olafsson, no livro The Crisis Leader. Estaríamos nós tão decepcionados e céticos, que não estamos vendo nada além da escuridão?
As pandemias sempre geraram loucura política, mas as sociedades desenvolvem resistência a ambas, diz o historiador Niall Ferguson.*
Em um denso artigo, publicado na página de opinião da agência de notícias Bloomberg, o historiador e professor Niall Ferguson faz uma análise política do Trumpismo e o perigo da herança maldita do atual presidente americano, que chega ao fim do mandato tentando esticar a corda ao máximo, para manter o poder. Vale a leitura, pela similitude com personagens históricos tão perigosos e extremistas, que tentaram conquistar ou manter o poder pela violência, a mentira e o fanatismo.
Quem conhece um pouco de história, basta mencionar um ano marcante que a pessoa tenha vivenciado e, como um clique, o acontecimento vem à mente. 1918, 1929, 1945, 1989, 2001. São anos inesquecíveis na história. Gripe Espanhola; quebra da Bolsa de Nova York; fim da II Guerra Mundial; queda do Muro de Berlim; e atentado do 11 de setembro, nos EUA. Daqui a 20 ou 30 anos, quando se falar 2020, quem tiver vivido este período terá muito o que contar e lamentar. O ano que terminou em março (ou começou em março?), quando a pandemia chegou ao Brasil. Ou o ano que não irá terminar, enquanto os efeitos maléficos da pandemia persistirem. Todos que vivemos este tempo meio estranho, tão cedo não apagaremos esse estigma.