A fabricante japonesa de veículos Mitsubishi reconheceu hoje (20), no Japão, que manipulou dados sobre eficiência energética de seus miniveículos, os chamados "kei cars". A fraude afeta cerca de 625 mil automóveis desse tipo vendidos no Japão.
A Mitsubishi admitiu ter manipulado dados em testes de eficiência de combustível, feitos no Japão, a fim de maximizar a eficiência de rendimento no gasto de combustível de 625 mil carros.
Ao contrário do escândalo da Volkswagen, a fraude não foi descoberta por autoridades ou revelada pela empresa, mas pela Nissan, parceira da Mitsubishi na construção de uma minicarro. A Mitsubishi e a Nissan trabalham juntas desde 2013 na fabricação de miniveículos, muito populares no Japão. A Mitsubishi fabrica o carro e o projeto é da Nissan.
A Agência Bloomberg diz que a empresa modificou o peso das barras de carga durante o teste, de modo a parecer mais eficiente do que realmente eram. A Mitsubishi manipulou o processo de teste de consumo de combustível de modo que os resultados refletiram dados de eficiência energética melhores que os reais, explicou o presidente da companhia, Tetsuro Aikawa, em entrevista nesta tarde, em Tóquio.
A manipulação dos testes ocorreu por meio de uma modificação da pressão de ar aplicada aos pneus, o que influenciou os dados sobre o consumo de combustível divulgados às autoridades japonesas sobre 4 modelos de miniveículos (que possuem motores inferiores a 660 centímetros cúbicos) comercializados no Japão.
Esta manipulação de dados não é tão avançada, nem tão generalizada quanto a emissão relacionada com a fraude da Volkswagen. A empresa alemã usou um software para alterar os carros a diesel de maneira a que tivessem um desempenho melhor, quanto à emissão de gases, durante os testes realizados pelos órgãos de fiscalização. Quem revelou a fraude foram as autoridades americanas. Em seguida, a Volks admitiu que o problema era maior, envolvendo também milhares de veículos na Europa.
A Mitsubishi suspendeu a produção e vendas de todos os carros afetados - o eK vagão, eK espaço, Dayz e Roox Dayz - e a Nissan deixou de vender os modelos Dayz. No total, 157 mil carros da Mitsubishi foram afetados, e 468 mil da Nissan. As empresas agora terão que informar como serão feitas as compensações financeiras, sem contar multas e outros passivos. Como a Nissan aparentemente não tem responsabilidade direta nessa operação fraudulenta, o tamanho dessa compensação poderá ser considerável para a Mitsubishi.
Assim como no caso da Volkswagen, e de outras, como a venda de carne bovina na Europa, misturada à carne de cavalo (crise ocorrida em 2013) estamos diante de uma crise analisada sob o ponto de vista da ética. Qualquer forma que uma organização, pública ou privada, use para enganar o consumidor ou as autoridades, não importa a dimensão do negócio, seja uma padaria, ou uma multinacional, é um crise que diz respeito à ética empresarial. O resultado sempre é um grave arranhão na reputação.
Assim que a diretoria da Mitsubishi anunciou o problema, as ações da montadora despencaram mais de 15% na Bolsa de Tóquio.
Foto: Reuters (Presidente Tetsuro Aikawa, em coletiva de imprensa para anunciar a fraude).
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