A Volkswagen pode ter usado software para testes de emissão de diesel falsos também nos motores de 1.2 litros, ampliando o número de veículos sob escrutínio, segundo o ministro dos Transportes da Alemanha, Alexander Dobrindt.
"Há também a discussão agora de que carros de 1.2 litros, assim como os 2.0, estariam igualmente afetados pela fraude, disse o ministro em um discurso no parlamento em Berlim nesta sexta-feira. "Pelo menos por agora acreditamos que possíveis manipulações podem ter vindo à luz também. Isso precisa ser investigado nas atuais conversações com a Volkswagen. "
Até agora, os controles de emissão de adulteração "ilegais" teriam afetado cerca de 2,8 milhões de veículos na Alemanha, incluindo vans e utilitários leves 1.6 e 2.0 com motores diesel, segundo o ministro.
O escândalo que chocou a Alemanha, pelo fato de a Volks ser a maior montadora do mundo, com sede no país, e o maior empregador, aumentou também a pressão sobre as autoridades alemãs, para saber o que eles irão fazer para pressionar a empresa a corrigir a fraude.
O setor de regulação da Alemanha pediu à VW “uma declaração vinculativa sobre se a empresa pode corrigir as manipulações técnicas que reconheceu, permitindo assim que os veículos possam ser devolvidos a uma condição que atenda aos regulamentos técnicos". O Governo montou uma comissão para investigar o escândalo da Volks. A empresa "prometeu apoio total para o trabalho da comissão e para colaborar no inquérito".
Hoje, o Conselho diretivo da Volks confirma Matthias Mueller, que era CEO da Porsche, como o novo comandante da multinacional, dois dias depois da renúncia de Martin Winterkorn, bombardeado após a divulgação do escândalo que afetará 500 mil carros a diesel na Europa e 11 milhões no mundo. Apesar de dizer em entrevista e gravação aos empregados que não tinha conhecimento da fraude, fica difícil o Conselho da empresa, os acionistas e o mercado aceitarem a ideia de que a instalação de um mecanismo que envolve milhões de veículos no mundo tenha sido decidida apenas pelos técnicos na sala de pesquisa e engenharia da empresa.
O escândalo veio à tona em 18 de setembro, quando a Agência de Proteção Ambiental dos EUA ordenou que a Volkswagen fizesse recall de 500 mil carros a diesel nos Estados Unidos, instalados com "dispositivos manipuladores", um “software” programado para enganar os testes de emissões. Esses dispositivos ativariam sistemas de monitorização da poluição, quando o carro passasse por um teste de emissões. A fraude se caracteriza, quando se a fiscalização descobriu que a maioria deles não obedecia às normas de emissões, quando em uso normal. Isso torna os carros com índices de poluição muito piores do que os níveis preconizados pela montadora, violando a “Clean Air Act (Lei do Ar Limpo) e a regulação de controle de poluição do estado da Califórnia.
Ou seja, a Volkswagen, certamente com o objetivo de tornar os carros mais competitivos, enredou-se numa megacrise internacional, obrigando a empresa a se retratar, realizar recall em mais de 11 milhões de carros, para começar, e se sujeitar a ações das mais variadas procedências, que podem ir dos consumidores aos grupos ativistas que defendem o meio ambiente. Por trás dessa crise, o lamentável vício ou pecado dos empresários, a ganância empresarial. Quando o empresário quer sempre levar vantagem, não importam as consequências.
Esse objetivo do lucro como fim em si mesmo acaba levando as empresas a crises como essa, que representam prejuízo incalculável à corporação, aos acionistas, aos empregados e à sociedade. Sem falar no enorme impacto no ativo mais valioso que uma corporação pode ter: a reputação.
Especialistas em crises de imagem admitem que a crise da Volkswagen, diferentemente de outras megacoporações que sofreram acidentes, atentados ou erros por falhas humanas, situa-se num campo bastante delicado da avaliação da reputação corporativa, o campo da ética, exatamente num momento em que no mundo todo cobra das organizações cada vez mais atitudes e práticas de negócios que não envolvam ações politicamente incorretas.
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