los angelesUm jovem de 23 anos entra no aeroporto de internacional de Los Angeles no dia 1º de novembro, com roupas de camuflagem, armado com um fuzil e começa a atirar na entrada do aeroporto. Os americanos, que vivem a paranóia dos atentados como algo incorporado à rotina, entram em pânico e a segurança do aeroporto, treinada, consegue interceptar o atirador. Mesmo assim, em poucos minutos ele mata um agente de segurança e fere sete pessoas, a maioria funcionários da segurança do aeroporto.

O jovem atirador, que foi ferido e preso, identificado como Paulo Anthony Ciancia, 23 anos, teria sido vítima de bullying na escola onde estudou, uma constante na trajetória de vida da maioria dos maníacos que cometem atentados tanto nos Estados Unidos, quanto em outros países. Ele deixou uma carta onde menciona a intenção de matar pelo menos um agente de segurança e se suicidar e não deixa de constatar a fragilidade da segurança do aeroporto. O agente morto é o primeiro de uma força especial de segurança (Transportation Security Administration-TSA), criada após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Era um menino solitário, dizem os amigos. Mas a pergunta que fica, passadas algumas semanas do atentado, é por que ainda acontece esse tipo de tragédia, nos EUA, com tanta facilidde? Elas deixaram de ser exceção, de ser uma crise rara, onde o fator surpresa estaria presente, para se tornar uma crise anunciada.

A história do atentado de Los Angeles tem um fio condutor muito parecido com o de outros atentados. Na bolsa do jovem atirador, um rifle de assalto. Em sua mente, a missão: matar pelo menos um agente policial da TSA. Em seguida, cometeria suicídio. Apesar de toda a segurança presente nos aeroportos americanos, o fato foi consumado na primeira semana de novembro, no próprio posto de segurança do aeroporto. Ou seja, ele sabia que o lugar era fortemente policiado e, mesmo assim, não teve medo de enfrentar a polícia.

Esses atentados têm outro traço em comum. São premeditados, preparados com muita antecedência. Alguns jovens dão sinais nas redes sociais até mesmo com ameaças, que algumas vezes não são levadas em conta porque são interpretadas como exibicionismo. O FBI monitora as redes sociais e já tem condições de detectar com antecedência essas ameaças e seguir os suspeitos.

A disposição e a munição do atirador de Los Angeles poderiam ter transformado o atentado num massacre. Mas até a intenção de chegar atirando nos seguranças parece ter sido premeditada. "Eu estou indo matar pessoas, mas eu não quero matar civis”, dizia a nota do atirador. E ele conhecia os riscos, sabendo que poderia ser morto. Se quisesse, poderia ter avançado mais para dentro do aeroporto, onde estavam os passageiros, talvez sem ser interceptado. Aparentemente, ele não despertou suspeita. E pegou os seguranças de surpresa. É isso que preocupa passageiros e autoridades americanas.

Não existe segurança absoluta

O resultado de tudo isso é que a polícia de Los Angeles e os agentes federais da TSA estão revendo os protocolos de segurança. Isso inclui decidir se todos os agentes deveriam estar armados ou não. O grande problema de ter uma segurança maior num terminal de passageiros é a grande quantidade de áreas com acesso livre para passageiros e usuários do aeroporto. No caso de Los Angeles são pelo menos nove terminais.

Diante do ocorrido, o chefe do departamento policial do aeroporto de Los Angeles, Patrick Gannon, defendeu sua decisão de reposicionar os oficiais armados da área de triagem para que possam rondar o aeroporto livremente, evitando o fator de previsibilidade. Contudo, a solução não é óbvia. “Onde quer que você estabeleça um perímetro de segurança, por definição, há coisas fora dele”, afirma Arnold Barnett, um especialista em segurança de aviação do Instituto de Tecnologia de Massachussetts. Ao criar multidões nos portões de embarque e de segurança, a área de vulnerabilidade é apenas transferida dos aviões para uma área mais distante.

E o problema não pára por aí. O presente ataque não se enquadra como terrorismo no qual os protocolos de segurança existentes foram criados para combater. Este se encaixa mais nos atentados que costumam ocorrer em escolas e locais de trabalho. Segundo Brian Michael Jenkins, especialista em segurança da Corporação RAND, o aumento de segurança em espaços públicos lotados pode não valer a pena, por questões de custo e desafio. “Se uma pessoa tem o acesso negado a um aeroporto cheio, ela pode ir a uma estação de trem, ônibus, supermercado, ou um teatro, como vimos em Aurora, ou um shopping, como vimos em Nairobi, ou à Times Square”. Como diz um diretor de segurança de uma administradora de aeroporto: "Não existe segurança absoluta. Por mais instrumentos de prevenção, sempre existirá algo que escapou ao controle. O que podemos é minimizar, mitigar as crises, aprimorando os mecanismos de gestão de riscos". (Redação, pesquisa e tradução: Jessica Behrens*)

*Jornalista Free Lancer.

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