media tragedia Governo americano, escolas e empresas de comunicação estão tentando assimilar ainda todos os desdobramentos da tragédia que abalou os Estados Unidos, principalmente o ambiente escolar, na última sexta-feira, na pequena cidade de Newtown. Talvez eles não acreditem que gastem tanto dinheiro em guerras no exterior, e continuam incapazes de conter os "terroristas" domésticos.

A cobertura da imprensa vai desde especulações sobre o perfil do atirador, inclusive da responsabilidade da mãe dele, que colecionava armas pesadas, das histórias pessoais das vítimas, até a reação do governo diante do clamor popular por mexer no vespeiro americano dos direitos de usar armas.

O ataque, por envolver tantas crianças, mexeu com setores que fingiam nada acontecer em tragédias anteriores. A rede Walmart tirou do catálogo de armas de sua rede os modelos do fuzil utilizado pelo atirador, no ataque à escola. Um proprietário de loja, no Texas, oferece armas com desconto para professores se defenderem. E a NRA – National Rifle Association que defende o direito de comprar e usar armas e tem milhares de seguidores nas redes sociais tirou do ar a página do Facebook, após o atentado. E, triste ironia, até aceita discutir uma campanha pela segurança. Todos querem demonstrar que estão compungidos, mas ninguém assume banir as armas.

A escola, onde aconteceu a tragédia, não voltou ao normal. E já se especula se seria fechada. Outras escolas fizeram um feriado respeitoso na segunda-feira e reforçaram a segurança. Mas o modus operandi desses malucos funciona mais ou menos como acidentes de avião. Não vai acontecer uma tragédia no outro dia. O pior dessa crise é que ela acontece quando menos se espera. Ou quando os americanos esqueceram a anterior. 

Basta dizer que estudo do serviço secreto americano apontou que, nos 66 ataques em escolas ocorridos no mundo, de 1966 a 2011, 87% dos atiradores sofriam bullying e foram movidos por desejo de vingança; 76% eram adolescentes com facilidade de acesso a armas e – péssima notícia para os americanos -  70% foram nos EUA. Em outro levantamento, feito pelo site Slate, desde 1980, houve 297 mortes em ataques de fanáticos a 131 escolas só nos Estados Unidos. São consideradas escolas onde houve pelo menos um morto, além do atirador. O mapa da violência é impressionante e parece haver uma predileção por ambientes escolares.

Mas se alguém, eventualmente, se ver diante de casos semelhantes, em tragédias ou acidentes, envolvendo alunos ou crianças, principalmente em estabelecimentos de ensino (administradores  escolares, educadores, líderes e gerentes de locais públicos e, presumivelmente, áreas de segurança e até meios de comunicação) o site Jaggers Communications dá quatro diretrizes para a comunicação em situações de emergências envolvendo vítimas.

1. Primeiro e acima de tudo, expresse empatia para todos os atingidos pela tragédia.  Melhor, a palavra certa seria “compassion”, sem uma tradução boa em português, mas que expressa mais ou menos aquele sentimento de dor e comiseração pelo acontecido e o desejo de auxiliar as pessoas atingidas com o melhor possível, para amenizar sua dor.

2. Reconhecer e auxiliar as vítimas e aqueles que vierem em seu auxílio. No caso de mortes, os parentes das vítimas.Todo o apoio psicológico, moral, financeiro.

3.  Informar o público que medidas serão tomadas para evitar esse tipo de tragédia no futuro. Explicar como isso vai acontecer ou como vai ser abordado. Tranquilizar o público que a segurança vem em primeiro lugar, e que o compromisso com esse esforço é contínuo e forte.

4. Por último, certificar-se de que os recursos estão disponíveis, e a forma como obtê-los deverá ser amplamente divulgada.

Os especialistas recomendam que, mesmo nas piores tragédias ou crises, se esconder do público é talvez o passo mais errado a tomar.  Finalmente, esteja disponível. Responda às perguntas. Não crie vácuos de comunicação. Especialmente em um momento de crise, que envolve grande comoção nacional.

Outras informações sobre atentados a escolas

Slate: mapa da violência em escolas dos EUA, desde 1980.

Ataque a escola no Rio mostra a loucura globalizada.

Escolas não têm planos de gerenciamento de crises.

Antes de acontecer, crises dão sinais. Só a polícia da Finlândia não sabia.

Morte de inocentes mostra despreparo para situações de risco.

 

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