Os vazamentos de informação, um dos mecanismos mais temidos por autoridades e governos como estopim de crises, não preservam nem operações supersecretas. Esta semana os serviços secretos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha se estranharam por conta do vazamento da informação de uma operação envolvendo a política de repressão ao terrorismo.
Segundo o jornal britânico The Times, atribuindo a informação a autoridades e analistas, a capacidade da Grã-Bretanha de impedir ataques terroristas foi arranhada pela liberação não autorizada de informações sobre um agente secreto britânico que penetrou a célula de fabricação de bombas, da Al-Qaeda, no Iêmen.
Não bastasse o vazamento da operação, permitiu-se circular a informação de que o agente está localizado no Reino Unido.
Segundo o Times, “Também foram levantadas preocupações sobre compartilhamento dos serviços de inteligência entre os EUA e a Grã-Bretanha, onde a proteção dos segredos é primordial, depois que vazaram informações sigilosas sobre a operação.
A administração do Presidente Obama foi criticada ontem e uma investigação de nível superior foi aberta em Washington, após acusações de que a informação, divulgada inicialmente por fontes não identificadas dos EUA, para uma agência de notícias norte-americana, tinha sido usada para marcar pontos políticos”.
Leon Panetta, Secretário de Defesa dos EUA , condenou a divulgação. "Como ex-diretor da CIA, eu tenho que dizer que esses tipos de vazamentos são muito prejudiciais para os esforços da comunidade de inteligência", disse ele.
Funcionários do alto escalão do governo britânico, sem se identificarem, disseram ser extremamente irritante que uma operação classificada como secreta havia se tornado de conhecimento público. "Se você é MI5 e você está tentando recrutar um jovem britânico árabe ou paquistanês britânico, no futuro, como você irá convencê-los de que suas ações e seu potencial de identidade não irão ser espalhados no The New York Times na semana que vem?” A afirmação é de Shashank Joshi, pesquisador do Royal United Services Institute, com sede em Londres.
Segundo o Times, “um problema particular foi a ampla circulação de detalhes sobre a operação secreta para infiltrar na célula da Al-Qaeda, na Península Arábica, de acordo com um servidor sênior do escritório de defesa dos EUA. O staff de pelo menos quatro departamentos do Governo dos EUA, bem como a CIA e o FBI, tinham "necessidade de conhecer" a lista.
A notícia da operação surgiu nos Estados Unidos. E um ex-funcionário do Pentágono acusou a Casa Branca de usar a inteligência para marcar pontos políticos. Eric Edelman, sub-secretário de Defesa durante os anos de George W. Bush, disse: "Sob Obama, a inteligência tem sido sistematicamente politizada para ganho político”. Incluindo pronunciamentos do presidente, quando fez um ano da morte de Bin Laden. Os vazamentos são tão terríveis que são difíceis de entender, mas esta não é a primeira vez que isso aconteceu. Houve vazamentos persistentes para ganho político”, certamente referindo-se ao lançamento da campanha de Obama à reeleição.
Os britânicos chiaram. E os americanos mandaram investigar. James Clapper, diretor da Inteligência Nacional, está conduzindo a investigação sobre os vazamentos, que revelou uma operação da CIA liderada com sucesso para frustrar a mais recente tentativa para contrabandear um homem-bomba em um avião dos EUA.
O governo britânico não quis comentar, mas um porta-voz de David Cameron admitiu: " Claramente, nós pensamos que informações sensíveis devem ser protegidas"